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Ciência consegue provas sobre o Pai Natal

Gordinho, com barba, vestes vermelhas e o característico gorro de pompom branco na cabeça – esta é a imagem que normalmente vem à mente quando pensamos em Pai Natal.

Mas a figura, apesar de mitológica, tem uma inspiração real: o arcebispo Nicolau Taumaturgo, reconhecido pelos cristãos como São Nicolau, morto há 1700 anos.

A figura histórica do religioso está cercada mais de dúvidas do que de respostas, mas arqueólogos acreditam ter encontrado pistas valiosas para desvendar quem foi o homem que, até hoje, permanece como a imagem mais emblemática do Natal: inicialmente, a tumba onde ele teria sido enterrado, em uma igreja na Turquia.

No final deste ano, um estudo da Universidade de Oxford trouxe novos dados ao determinar o período em que o viveu o ‘bom velhinho’.

“Temos em mãos ótimos resultados, mas o trabalho de verdade começa agora. Vamos chegar ao solo e, talvez, encontrar o corpo intacto de São Nicolau”, avaliou Cemil Karabayram, diretor de pesquisa de monumentos da província turca de Antalya, ao jornal ‘Hurriyet’ enquanto anunciava a descoberta da tumba, em outubro deste ano.

O achado foi uma reviravolta no que se acreditava até então, pois a história mais difundida era a de que o corpo do arcebispo havia sido levado por piratas para Bari, cidade italiana onde foi construída a basílica de São Nicolau.

Pesquisadores turcos, no entanto, alegam que o corpo que está na Itália é de um antigo padre turco e os restos do verdadeiro santo nunca deixaram seu país natal.

Documentos encontrados na região pela equipe indicam que o local havia sido destruído e passava por reformas na época em que os piratas roubaram o suposto corpo de São Nicolau. Quando os arqueólogos chegaram, o espaço estava praticamente intacto, mas eles sabiam que o processo de escavação seria complexo devido à presença de esculturas em pedra e mosaicos no templo.

Três meses depois, ainda não é possível afirmar se o santo jaz na igreja turca ou na Itália, mas o que é consenso entre os arqueólogos é que ele não parece exatamente com a imagem de Pai Natal difundida no mundo inteiro.

Ele era conhecido por ter grande afinidade com crianças, é verdade – mas aquela história de que ele era um velhinho barbudo a viver no Pólo Norte com os seus duendes assistentes e seu trenó voador claramente pertence aos livros infantis.

A maioria das representações de São Nicolau, por exemplo, mostram o arcebispo bem mais magro e com menos barba, bigode e cabelo do que a figura natalina.

A segunda descoberta de 2017 ocorreu graças a cientistas britânicos. Um teste com radiocarbono realizado pela Universidade de Oxford determinou que um fragmento de osso que seria de São Nicolau, o santo que inspirou o Papai Noel, é do ano 343 d.C.

O fragmento está em posse do padre Dennis O’Neill, de Illinois, nos Estados Unidos, mas fica guardado em uma igreja na França.

Não é possível garantir, no entanto, que o fragmento (parte da pélvis) era realmente de São Nicolau. Agora, os pesquisadores querem analisar o DNA de outros ossos que podem pertencer ao santo para comparar se eram da mesma pessoa.

A razão pela qual este santinho veio a se tornar o principal símbolo natalino está na Igreja Católica. Segundo o St. Nicholas Center, que organiza exposições sobre São Nicolau e tem sede na Holanda, foram atribuídos ao bispo diversos milagres e, graças à atenção especial que ele dedicava aos pequenos, ele acabou sendo canonizado e tornou-se um símbolo associado ao nascimento do menino Jesus.

E a imagem do senhor bonacheirão do jeito que vemos nas montras hoje só foi aparecer lá para a metade do século XIX, com uma ilustração feita pelo cartoonista americano Thomas Nast. Antes disso, o bom velhinho era registado apenas com roupas verdes, não vermelhas.

Mas, antes de pensar que sua infância inteira foi uma mentira com essa história de Pai Natal turco e de roupa verde, talvez você se sinta aliviado de saber que, ao menos, a tradição de trocar presentes não é invenção de hoje.

A diferença é que antes as pessoas costumavam fazer isso no Dia de São Nicolau, em 6 de dezembro, data da morte do arcebispo. Depois é que a celebração foi transferida para o dia 25, dando origem ao Natal como é festejado atualmente.