Embora as gorduras tenham potencial para provocar doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais (AVC), obesidade, hipertensão e uma série de outras complicações no organismo, estas não devem ser excluídas da dieta, mesmo por quem está de dieta e precisa de controlar o colesterol. Longe disso, as gorduras devem ser consumidas diariamente.
Muitos são aqueles que abrem a mão da manteiga, da carne vermelha e dos queijos, e mesmo assim não ficam imunes às doenças cardiovasculares. A resposta para isso é que a indústria substitui as gorduras eliminadas dos alimentos por açúcares, para não prejudicar o sabor. É o que alerta Aseem Malhotra, um dos cardiologistas mais prestigiados do Reino Unido, num artigo publicado na revista médica British Medical Journal.
As gorduras são fonte de energia para o corpo e fundamentais para a absorção de vitaminas e proteínas e também para a síntese de determinadas hormonas sexuais, explica a nutricionista Lidiane Catalani Casanova, da Divisão de Nutrição e Dietética do Instituto Central (IC) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
“Irregularidades menstruais e diminuição da libido são algumas das consequências negativas que a ausência dessas substâncias provocam no organismo”, acrescenta Lidiane Indiane, endocrinologista da Associação Diabetes Brasil (ADJ) e do Centro de Pesquisas Clínicas (Cpclin), ambos na capital paulista.
Isso não significa, porém, que a ingestão de gorduras deva ser desregrada. É preciso respeitar o limite recomendado. Numa dieta de 2.000 kcal por dia, recomendada para um adulto saudável, entre 400 e 700 kcal (de 20% a 35% do total) devem vir das gorduras. Em termos mais práticos, isso traduz-se em 44,5 g a 78 g, explicam a endocrinologista Claudia Chang, doutorada em Endocrinologia e Metabologia pela Universidade de São Paulo (USP), e a nutricionista Fernanda Nicolau, pós-graduada em Nutrição Clínica pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Desse total, 10% no máximo (menos que 22 g) devem ser provenientes das gorduras saturadas, destaca Casanova. Já as pessoas que têm um colesterol alto, esse valor cai para 7%, de acordo com a 4ª Directriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Portanto, para fazer boas escolhas é preciso diferenciar as gorduras saturadas das insaturadas. As vilãs são as primeiras. Estas são encontradas em alimentos de origem animal, principalmente em carnes vermelhas, na pele de aves, manteiga e bacon.
O consumo de queijos, gema de ovo e as frituras também devem ser feitos com atenção, pois esses itens também possuem gorduras saturadas, alerta Indiane: “Alimentos fritos ingeridos fora de casa podem ser ainda piores, pois frequentemente o óleo é reaproveitado pelos estabelecimentos”.
A lista é longa e formada ainda por alimentos aparentemente inofensivos. “É o caso dos alimentos light, que são livres de açúcar, mas muitas vezes ricos em gordura, que é empregue para melhorar a consistência do alimento”, informa a endocrinologista da ADJ. As massas instantâneas enquadram-se na mesma categoria. Por isso, a médica recomenda analisar atentamente os rótulos nas embalagens para verificar quais os ingredientes que foram utilizados na elaboração do produto.