Ana Guedes Rodrigues, de 31 anos, fez parte da equipa que trabalhou no lançamento do Porto canal. Depois de ter passado pela TVI, a jornalista está de regresso àquela que considera a sua “casa”.
Move Notícias – Este regresso ao Porto Canal é como um regresso a casa?
Ana Guedes Rodrigues – Sim, sem dúvida e está-me a saber muito bem. Porque é mesmo esta a sensação, que é um regresso a casa. Deixei cá muitos amigos e tive uma receção muito calorosa.
MN – Nota diferenças entre o Porto Canal de hoje e o de há uns anos?
A.G.R. – Não noto diferenças muito grandes, por isso sinto um regresso. As pessoas são praticamente as mesmas e, apesar de ter havido um crescimento não se deixar afetar por esse crescimento. O Porto Canal está mais evoluído, se bem que ainda bastante limitado.
MN – Decidiu regressar ao Porto, embora as grandes oportunidades, em comunicação, estejam em Lisboa…
A.G.R. – Se uma pessoa quer progredir na carreira de facto tem que ir para Lisboa. Aqui no Porto estamos muito mais limitados. O Porto Canal é a voz do norte, falando em televisão, porque não há outra que se faça no Norte, pelo contrário, cada vez mais as estações estão a deslocar-se para Lisboa. Nós estamos a remar contra a maré.
Eu fiz uma opção na minha vida que acho que foi na altura certa, apostei na minha carreira numa altura em que não tinha, em termos pessoais, nada a prender-me no Porto, à exceção da minha família. Surgiu uma oportunidade e eu agarrei-a. Vi isso como um investimento. Fui para Lisboa para aprender e crescer e sabia que mais cedo ou mais tarde teria que voltar.
MN – Conseguiu adaptar-se a Lisboa?
A.G.R. – Sim, mas não me sentia completamente integrada. Havia sempre a necessidade de ao fim de semana viajar para casa. Nunca me senti habitante de Lisboa, era como se estivesse na tropa, durante a semana estava lá e ao fim de semana vinha ao Porto. (risos) Fazer o que gosto e o que melhor sei na minha cidade é um privilégio.
MN – Porém aqui terá menos visibilidade. Isso pesou na decisão?
A.G.R. – Ponderei claro, sei que tenho menos visibilidade no Porto Canal, porque é um canal do Norte para o país, mas será sempre um canal do Norte. Além disso, é do cabo. Sei que o impacto é menor, mas honestamente não é a visibilidade que me faz feliz. Essa é uma parte da profissão que até gosto. É uma questão de prioridades. A carreira não é a minha prioridade número um.
MN – A maternidade foi um ponto de viragem?
A.G.R. – Ajudou-me a clarificar as prioridades. Depois de ser mãe percebi que o mais importante era estar com a minha família, dar aos meus filhos um bocadinho da infância que tive. Com a maternidade tive mesmo a certeza que queria regressar ao Porto.
MN – Como foi a experiência em Lisboa?
A.G.R. – Foi fantástica. Do ponto de vista profissional tive uma ascensão muito rápida. Em termos de visibilidade o impacto foi muito rápido, porque de repente estava a apresentar um jornal com centenas de milhares de espectadores. Isso fez com que sentisse o peso da responsabilidade e sentia que não podia falhar, quando muita gente estava à espera disso, que achava que eu era muito nova e era apenas uma cara bonita. Isso fez com que eu crescesse.
MN – Com essa experiência, sente que pode contribuir de outra forma para o Porto Canal?
A.G.R. – Espero sinceramente contribuir para o crescimento do canal. Tenho feito um esforço nesse sentido, ao tentar transportar o que aprendi para os meus colegas. Também continuo a aprender todos os dias.
MN – Esteve 15 meses em casa. Sentiu falta do trabalho?
A.G.R. – Não senti falta. Desliguei completamente das notícias, os meus filhos não me deram outra opção. (risos) Soube-me muito bem desligar. Agora passa-se o contrário, estou a gostar do regresso. Prolonguei a minha licença de maternidade ao limite e sabia que teria que regressar. Se vivesse num desses países nórdicos que a licença de maternidade é de três anos eu teria ficado em casa esse tempo. Adorei ser mãe a tempo em inteiro, foi cansativo mas muito gratificante.
MN – Como foi adaptar-se ao ritmo de trabalho?
A.G.R. – Foi difícil, porque é completamente diferente. Agora é uma acumulação de tarefas: ser jornalista e ser mãe de gémeos. É cansativo e está a ser feito de uma forma tranquila. O Porto Canal deu-me tempo para adaptar e perceber como tudo está a funcionar.
MN – A Ana também assume o papel de coordenadora além de pivô do “Jornal Diário”. Está a ser um desafio?
A.G.R. – Nunca tive essa responsabilidade, mas não é propriamente uma novidade. Estou a gostar imenso.
MN – Está nervosa com o regresso?
A.G.R. – Nunca fiquei nervosa, nem quando me estreei na TVI. Há momentos de maior stress, mas sinto-me tranquila.
Fotos: José Gageiro