O auditório da Biblioteca Almeida Garrett foi pequeno para albergar todos os fãs de Miguel Esteves Cardoso. O escritor esteve no Porto na iniciativa “Porto de Encontro”, no sentido de apresentar o novo livro “Como é linda a puta da vida”. Na deslocação à invicta, fez-se acompanhar da sua inseparável Maria João Pinheiro, a quem dedica muitas das suas crónicas. Aliás, foi por falar abertamente da doença da mulher com quem casou, nas crónicas que escreveu para o jornal “Público”, que foi criticado pela “classe escriturária”. “Ela estava a morrer e eu estava aflito. Pudor o caralho. Ela estava a morrer e eu deveria falar sobre o tempo?”, disse, sem papas na língua. “Escrevo. Sou escritor. Os escriturários é que gostam de se catalogar. Um escritor escreve qualquer coisa”, acrescentou.
A cumplicidade entre o casal é visível e as crónicas de amor que Miguel dedica a Maria João sensibilizam os fãs. “O nosso amor foi instantâneo, à primeira vista… Afinal é mesmo verdade não é só nos filmes”. O escritor diz que doença da mulher, que sofreu de cancro, o mudou.
Maria João leu duas crónicas que estão no novo livro e ela própria contou o que mais a chocou no período em que esteve doente: “As pessoas quando souberam que estava doente ligavam-me, prontificando-se a ajudar-me quando fosse preciso. Quando ligava a essas pessoas para me acompanharem ao hospital, elas recusavam”. A jornalista mostrou-se orgulhosa nas crónicas que o marido lhe dedicou e afirmou que “os outros doentes se sentiam exprimidos”.
Aliás uma das crónicas que Miguel lhe dedicou, “O acrescento do Milagre”, deu origem a uma página no facebook com o mesmo nome, onde as pessoas deixaram mensagem de incentivo à mulher do escritor: “Chorámos várias vezes a ler os comentários”.
A sessão de conversa não acabou sem Miguel Esteves Cardoso falar nos palavrões, que tantas vezes usa nos textos que escreve: “Sinto-me um homem do Norte por dizer palavrões. Agora, se calhar, começam a ser demais”.
No final o escritor deu autógrafos e conversou com os fãs. Também Maria João foi bastante acarinhada o que muitas vezes lhe provocou lágrimas de emoção.
