Cientistas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e do Centro Médico de Utrecht, na Holanda, realizaram uma pesquisa que pode reforçar as armas da ciência no tratamento de distúrbios alimentares e obesidade, conforme revela a revista “Science”.
Os pesquisadores conseguiram, a partir da observação do cérebro de roedores, identificar um circuito cerebral que leva os animais a continuarem a comer mesmo quando já estavam cheios e também a recusar comida mesmo quando famintos.
Esse circuito é composto por neurónios que agem sobre o hipotálamo lateral, região do cérebro responsável por controlar impulsos como o ato de comer. A equipa de investigadores estudou a atividade desses neurónios, localizados na área do cérebro chamada núcleo leito da estria terminal (NLET).
Ao serem ativados durante o processo de alimentação, inibiram a atuação do hipotálamo lateral. Para manipular os neurónios da NLET, os cientistas usaram a técnica da optogenética, ativando-os um a um. Assim, os pesquisadores suprimiram a atividade dos neurónios sobre o hipotálamo lateral, fazendo os roedores continuarem a comer mesmo após já terem ingerido quantidade suficiente de alimento.
Com essa supressão de atividade provocada artificialmente, os animais de laboratório acabaram por procurar alimentar-se além da conta, escolhendo alimentos de alto nível calórico.
A descoberta deve explicar como o rompimento desse mecanismo de sinalização de satisfação ao cérebro pode desencadear comportamentos alimentares inadequados.