Começou por jogar futebol no Anadia Futebol Clube e depressa passou para os relvados do Académica de Coimbra. Em 1968 foi contratado pelo Sport Lisboa e Benfica onde somou sucessos atrás de sucessos. Esta última época treinou uma equipa Iraniana, o Tractor, e ainda que se confesse contente por ter liderado este 11 do Médio Oriente, não esconde as saudades de dar o tudo por tudo neste clube, que apesar de não ser o eleito desde sempre, ganhou ao longo dos tempos um lugar especial. “O meu pai era do Belenenses e o meu ídolo de criança era o Matateu. Não sou bateriológicamente puro do Benfica, mas ao longo dos anos fui ganhando uma paixão por este clube. É um clube que me diz muito. Foram muitos anos” contou à Move Notícias, António José Conceição de Oliveira, ou Toni, como é mais conhecido pelos portugueses.
De volta ao passado, conta com um sorriso nos lábios como tudo começou: “Comecei no Anadia, depois passei para o Académica de Coimbra, como Júnior. O Mário Wilson viu-me num jogo e trouxe-me para este clube. Cheguei ao Benfica em 1968”, lançou destacando a grandeza dos encarnados. “É um clube mítico. Quando cheguei ao Benfica, na década de 60, tinham sido bicampeões europeus e disputado três finais. Joguei pelo Benfica durante 13 anos. Ajudei este clube a ganhar oito campeonatos e algumas taças de Portugal. Há uma satisfação que me marcou”, finalizou este que é considerado uma lenda do Sport Lisboa e Benfica.
Iniciou a carreira como treinador adjunto e depressa se tornou treinador principal da equipa encarnada. “Há sonhos de criança que se tornam realidade. Não é o meu caso. Enquanto jogador nunca pensei que isso viesse a acontecer. Agora não escondo um certo orgulho” contou revelando que estar ao serviço deste clube foi uma das grandes conquistas da sua vida e carreira. “Foram 34 anos. Fui jogador, treinador adjunto, treinador principal e diretor desportivo.” Contas feitas, Toni foi, até à data, o único homem a sagrar-se campeão pelo Benfica, nas funções de jogador e treinador de futebol.
Ainda que não tenha feito parte da história do novo estádio da Luz, este é um espaço que lhe diz muito pela simbologia. “Houve uma renovação. Há um Benfica completamente diferente na sua estrutura, mas a paixão é a mesma, que existe em todos aqueles que amam e sofrem este clube. Há um outro estádio e outras histórias, dias de alegria e de tristeza. A vida é feita de renovação” contou confessando-se pouco supersticioso. “A competição traz-nos alguma ansiedade que se manifesta antes de entrar em campo, mas tentamos controlá-la. Por exemplo, nunca tive a preocupação de entrar com o pé direito em campo”, finalizou Toni que conta com uma carreira de 49 anos ligados ao desporto rei.
Já viu o seu clube ganhar e perder muitas vezes e garante que ao fim de tantos anos não consegue deixar de ficar com o coração aos pulos sempre que o Benfica entre em campo. “É difícil controlar a ansiedade, mas faz parte. O futebol é assim mesmo”, contou aquele que é considerado uma das 100 figuras do futebol português, pelo jornal A Bola.
Toni, que se aventurou para outro continente, e treinou recentemente o Tractor, equipa iraniana, no Médio Oriente, não esconde as diferença que sente entre os adeptos deste clube e os portugueses. “Foi uma experiência riquíssima. Uns adeptos fantásticos que me acarinharam desde o início, pelo que os recordarei para sempre. Costumo dizer que depois dos adeptos do Benfica, estes são fantásticos” contou lembrando ter conseguido levar esta equipa ao segundo lugar da liga iraniana. “Tivemos muitas dificuldades, nomeadamente do ponto de vista financeiro e mesmo assim conseguimos ser vice-campeões. Foi uma experiência muito positiva”.
À parte da sua carreira e sucessos profissionais, Toni é um homem de e para a família e é com o maior dos orgulhos que comenta o casamento da sua filha, Renata Oliveira, de 37 anos, em Junho próximo. “É o ciclo da vida. É um dia importante para quem toma essa decisão” avança com um sorriso adiantando ainda que o filho, António, vai casar-se também este ano. “Tal como a Renata, o António casa-se em Junho, mas não é no mesmo dia que a irmã”, avançou em jeito de brincadeira.
Projetos futuros? “A vida faz-se caminhado e há sempre desafios novos. Eu sou o realizador e o protagonista deste filme que é a minha vida”, finalizou.
Texto: Marta Matreno
Fotos: Bruno Raposo