Há quase um ano em palco com “Gisberta”, Rita Ribeiro diz que esta experiência “é mais que um papel”. Uma vez que concilia “a função de atriz com o lado humanitário”, algo que há “muito tempo procurava”. Por isso, esta peça, que estreou na noite de quinta-feira, dia 30, no teatro Rivoli, no Porto, é muito especial para a artista, que este ano completa 40 anos de carreira.
“Há muita emoção, principalmente agora que estamos no Porto, onde tudo aconteceu… há muitos sentimentos. É emocionalmente desgastante, mas muito gratificante também. Toda a gratidão que tenho pela viagem que tenho feito coma ‘Gisberta’ suplanta o meu desgaste, além disso a peça é catalisadora da minha energia”, revelou à Move Notícias.
Em 2006, Rita Ribeiro, seguiu nas notícias, como tantos outros portugueses, a história de Gisberta, uma transsexual que foi assassinada por 14 adolescentes. “Acho que não podemos julgar o que se passou, embora nada justifique o que foi feito. Tem que haver grandes mudanças sociais para que não se voltem a repetir incidentes destes”, afirmou, acreditando que a peça possa “abrir as consciências e lutar para que não se repitam estes incidentes”.
A atriz confessou, que desde que aceitou abraçar o projeto, inicialmente um monólogo de 15 minutos, que entretanto foi alargado para uma hora, que passou a viver as coisas de forma diferente: “Também sou mãe e isto fez-me valorizar mais a minha vida e perceber que a minha vida tem tido muito amor. Esta mãe perde o filho de duas formas, em vida (quando ele muda de sexo) e depois quando ele morre. É também uma história de arrependimento, daquilo que se deixa de dizer… e depois já não podemos dizer”.
“Gisberta” tem sido também uma jornada de aprendizagem e de compreensão: “Não podemos quer mudar os outros, temos que aceitar o que as pessoas querem para elas próprias”.
Sendo uma pessoa emocional e “de coração”, Rita Ribeiro recorre a ferramentas, como a meditação e o ioga, “para sentir paz e encontrar o equilíbrio”.
A peça estará em cena, no Teatro Rivoli, no Porto, até ao dia 16 de fevereiro.
Fotos: José Gageiro