O bailarino é um dos mentores do primeiro grupo de dança urbana profissional em Portugal, os Momentum Crew. Criado em 2003, o grupo tem vindo a arrecadar prémios em várias competições pelo mundo fora. Todos os troféus estão em exibição do estúdio de dança, onde os bailarinos se reúnem diariamente para treinos intensos, de várias horas. 2013 foi recheado de sucessos. Porém, o caminho nem sempre foi fácil para Max Oliveira, de 34 anos, que chegou a deixar a dança de lado por um largo período.
“A minha paixão pela dança começou quando eu tinha oito anos, e uma grande admiração pelo Michael Jackson, que foi o artista que marcou a minha infância e adolescência. Pedi à minha mãe para aprender a dançar como ele, mas não havia uma escola que desse aulas de dança urbana. Então a minha mãe matriculou-me no ballet e na dança moderna, por essa altura não era fácil dizer que se dançava, especialmente ballet clássico e comecei a ter confrontos na escola por causa disso, acabando por desistir porque não aguentei a pressão. Comecei a fazer artes marciais e luta”, contou à Move Notícias, que foi recebida pelo bailarino no seu estúdio de dança.
Só mais tarde é que Max Oliveira teve contacto com a dança novamente, quando tinha 19 anos e vivia em Madrid: “Fui a uma festa com um amigo e estavam lá bboys (bailarinos que dançam breakdance) a dançar e o meu amigo conhecia alguns deles e apresentou-me. Na altura, perguntei como me poderia juntar a eles para aprender. Treinavam ao ar livre na Gran Via, de inverno ou de verão, porque não havia escolas”. O bailarino entrou no espírito e começou a aprender, dois anos depois regressa a Portugal e encontra pessoas com o mesmo interesse pela dança urbana. Então em 2002 conheceu o Mix, com quem cria o Momentum Crew, deixando para trás o curso superior de economia e relações internacionais. Quatro anos depois o grupo conquista o terceiro lugar no campeonato europeu, em Barcelona. Depois disso, muitos prémios se seguiram e no ano passado tornaram-se o primeiro grupo a conquistar a IBE três vezes consecutivas.
Em 2010 o grupo dá nas vistas no programa da SIC “Portugal Tem Talento”, onde chegaram à fase final. “Tivemos grande destaque e passados três anos, as pessoas continuam a lembrar-se”, referiu. Max mantém uma relação com Cláudia Jacques e não esconde que o mediatismo em torno do namoro “impulsiona” o nome dos Momentum Crew e do seu trabalho, uma vez que “desperta a curiosidade das pessoas”.
“Não é a fama que me interessa é o reconhecimento e fico muito feliz quando conhecem o nosso nome fora de Portugal, preenche-me como artista. Há bboys em países como a Jordânia ou o Cazaquistão que nos conhecem”, acrescentou.
Além de bailarino, Max Oliveira também é coreógrafo de alguns espetáculos: “Quando é uma atuação do Momentum Crew, a coreografia é pensada em conjunto. Depois há casos como o PortVcale, que está em cartaz no casino de Espinho, em que sou eu o diretor e responsável pela coreografia”. Este lado também o preenche como artista, porque dá “asas” à criatividade. Também ajuda outros artistas com as suas coreografias, uma vez que paralelamente agencia bailarinos para os quatro cantos do mundo. A parte empresarial é a “menos atrativa” para Max, “mas necessária”: “Não é o que mais gosto de fazer, mas é preciso ter tudo bem estruturado. Claro que com o tempo vai ser o lado que ganhará mais importância na minha vida”. Lecionar é outra das paixões do bailarino, que no ano passado foi convidado a dar aulas na Escola Superior de Dança, em Lisboa. “Foi difícil, porque há muitos preconceitos quanto à dança urbana, mas adorei e foi um grande desafio”, afirmou.
Para 2014 Max Oliveira já tem alguns projetos na manga. Em março vai estrear o espetáculo “Al Mada Nada”, no Teatro Nacional S. João, que é dirigido por Ricardo Paes e celebra o trabalho de Almada Negreiros. Além disso, em abril estreia um novo espetáculo no casino de Espinho, “Arte Tribal”. Por fim, o bailarino sonha poder ver um espetáculo seu ser apresentado em Las Vegas e nas principais capitais europeias.
Fotos: José Gageiro