Seis membros da banda punk russa Pussy Riot acusaram as duas companheiras recentemente libertadas de traírem a ideologia do grupo ao aparecerem ao lado de Madonna num concerto em Nova Iorque, noticia a “Lusa”
“Perdemos duas amigas, duas camaradas de combate ideológico”, escreveram as outras seis jovens do grupo, cujas identidades não são conhecidas e que assinam com pseudónimos como “Kot” (gata) ou “Schumacher”.
Nadejda Tolokonnikova,de 24 anos, e Maria Alekhina, de 25, libertadas em dezembro depois de dois anos de prisão por terem participado numa “oração punk” contra o presidente Vladimir Putin numa catedral de Moscovo, estiveram na quarta-feira, dia 5, num concerto organizado pela Amnistia Internacional, onde foram apresentadas ao público por Madonna.
Na carta, as outras seis jovens dizem-se satisfeitas com a libertação das colegas, mas criticam-nas por associarem o nome do grupo a concertos e outros eventos contrários aos valores das Pussy Riot.
“Aderimos à ideologia da esquerda anticapitalista e por isso nunca aceitamos dinheiro de quem assiste às atuações. Todos os nossos vídeos são difundidos gratuitamente na internet e os espetadores são pessoas que estão ali por acaso. E sobretudo, nunca vendemos bilhetes para os nossos espetáculos”, explicam.
Os bilhetes mais baratos para o concerto de Nova Iorque custavam 27 dólares (20 euros). As seis criticam igualmente a imagem de um homem com uma balaclava (gorro de lã que cobre a cara), imagem de marca do grupo, nos cartazes de promoção do concerto nova-iorquino, sublinhando que as Pussy Riot são “um coletivo feminista separatista”.
Depois de serem libertadas, Maria e Nadejda iniciaram uma digressão internacional durante a qual deram várias entrevistas e participaram em programas de televisão. “Por um lado, Nadia e Macha chamam enormemente a atenção dos media e da comunidade internacional. As conferências de imprensa delas juntam uma multidão de jornalistas. As pessoas dão atenção a cada uma das suas palavras, mas até agora ninguém as ouviu”, prossegue a carta, referindo que Maria e Nadejda disseram ambas não falar em nome das Pussy Riot. “Fixem bem isso (…) elas já não são Pussy Riot”, escrevem.