Manipular recibos emitidos por caixas electrónicas, lojas e supermercados faz as pessoas terem contacto com um componente químico tóxico que já foi associado com problemas de saúde. É o que conclui um estudo publicado na revista da Associação Médica Americana (Jama).
Investigadores analisaram a urina de indivíduos que manusearam o papel térmico utilizado nesse tipo de impresso por duas horas seguidas sem uso de luvas. Eles apresentaram um aumento significativo de bisfenol A (BPA) na urina em relação a quem usava luvas.
A exposição ao BPA já foi associada a condições como infertilidade, obesidade, certos tipos de cancro e problemas de desenvolvimento cerebral em crianças. A substância, presente no papel térmico, também é encontrada no revestimento interno de enlatados e em embalagens plásticas duras e transparentes; o seu uso já foi banido de biberões.
Shelley Ehrlich, do Centro Médico do Hospital Infantil de Cincinnati, nos Estados Unidos, e a sua equipa recrutaram 24 voluntários que forneceram amostras de urina antes e depois de manusear – com e sem luvas – os recibos impressos. O BPA foi detectado em 100% das amostras dos indivíduos que não usaram luvas.
Os cientistas avisam que um estudo maior é necessário para confirmar os resultados. Mas sublinham que são relevantes para pessoas que lidam diariamente com papéis térmicos no trabalho, como caixas de banco e de supermercado.
Um estudo mais antigo, publicado na Nature em 2010, já havia mostrado que o BPA presente em papéis térmicos é capaz de atravessar a pele. Na ocasião, o cientista Daniel Zalko, toxicologista do Instituto Francês para Pesquisa em Agricultura, alertou que o material não é a principal fonte de bisfenol A no ambiente, mas que grávidas deveriam ter mais cuidado ao manipular esses recibos, principalmente as que trabalham em caixas de supermercado.