Um grupo de investigadores descobriu a forma ideal de aliviar uma comichão no corpo sem provocar ainda mais a irritação na pele.
Os cientistas da Universidade de Lübeck, na Alemanha, inspiraram-se num truque já bem conhecido que consiste em reflectir a réplica de um membro do corpo num espelho, em que as pessoas vêem o reflexo de uma mão de borracha e pensam que se trata do seu membro.
Esta técnica já tinha provado ser eficaz para os pacientes com sofrem de dores em membros “fantasma” (por exemplo, casos de pessoas com pernas amputadas que continuam a sentir dores nos membros que já não têm).
Esta nova descoberta mostra que o mesmo princípio de “ilusão” pode ser aplicado no caso da comichão, particularmente útil nas ocorrências mais violentas de picadas de insectos ou de alergias, em que as pessoas chegam a ficar com a pele em sangue de tanto coçar.
Aparentemente, é muito fácil “enganar” a percepção que o nosso cérebro tem do nosso corpo. A equipa de peritos aprendeu que é possível aliviar uma comichão mesmo coçando no sítio “errado”.
Os participantes foram injectados num braço com uma solução química que provoca comichão, segundo a revista “New Scientist”.
Em cada participante, os investigadores pintaram uma mancha vermelha no sítio correspondente, mas do braço oposto, de forma que os braços ficassem iguais na aparência.
Cada braço foi coçado em alternância. Quando o braço injectado era coçado, (naturalmente) a comichão aliviava, e quando era coçado o outro braço, nada acontecia… até que foi introduzido na “equação” o elemento espelho.
Os participantes tinham instruções para só olhar para o espelho, e não directamente para o corpo. As conclusões mostraram que quando se coçava o braço “errado” em frente ao espelho, a comichão no outro braço aliviava.
Os investigadores apontaram que os sinais visuais podem-se “sobrepor (no cérebro)” a mensagens do corpo (táteis), caso sejam contraditórias.
Os cientistas estimaram que coçar o membro “errado” providenciava cerca de 25% do alívio de coçar a zona onde se sente, de facto, comichão.
Para Francis McGlone, da Universidade de Liverpool, a descoberta vai melhorar significativamente a qualidade de vida de alguns pacientes.
“Este estudo traz importantes desenvolvimentos sobre o complexo mecanismo da comichão, um canal sensorial muitas vezes ignorado, mas que pode ter consequências devastadoras na qualidade de vida de alguns pacientes”, observou o perito.