A artista plástica Joana Vasconcelos expõe “Casarão”, a partir da próxima segunda-feira, na Casa Triângulo, na cidade de São Paulo, no Brasil, onde esteve patente pela última vez há dez anos, avança a “Lusa”.
Em comunicado, o ateliê da artista explica que o título da mostra, “Casarão”, é inspirado na telenovela brasileira homónima, realizada por Daniel Filho e Jardel Mello, em 1976, transmitida em Portugal em 1978, que contava no elenco com os atores portugueses Laura Soveral e Tony Correia. A vila de Sapucaí, no norte do Estado de São Paulo, foi o cenário da telenovela que decorreu em três tábuas cronológicas diferentes, abrangendo o período de 1900 a 1976.
A exposição, que estará patente até 10 de maio, apresenta “mais de 20 novas obras concebidas” propositadamente para esta mostra, segundo o comunicado do ateliê, que destaca a peça “Aquarela”, uma nova obra da série “Tetris”.
“‘Casarão’ propõe a invasão do espaço da galeria por um conjunto de animais em faiança, desenhados por um dos mais destacados artistas portugueses do século XIX, Rafael Bordalo Pinheiro (1846–1905). Joana Vasconcelos apropria-se de alguns animais do vasto bestiário bordaliano e apresenta-os ambiguamente protegidos, ou aprisionados/domesticados, por uma sensual malha em crochê”, explica o comunicado.
Outras telenovelas brasileiras inspiram títulos de peças de Joana Vasconcelos, como as relacionadas com o banheiro, que “compõem as obras ‘Medusa’ e ‘Água Viva'”.
A primeira, segundo o mesmo texto, apresenta-se “sob a forma de um pequeno lavatório por onde passam e atravessam extensões de inusitados volumes em crochê”.
Quanto à peça “Água Viva” – título de uma telenovela em que participavam, entre outros, Tonia Carrero, Beatriz Segall e Reginaldo Faria -, “exibe dois chuveiros instalados na parede, ligados entre si por festivas mangas têxteis, suspensas como se escapassem por onde normalmente veríamos cair água”.
“São talvez as entranhas da arquitetura ou as vísceras de nossa intimidade doméstica, metamorfoseadas em têxteis desafiadores da ordem racional do espaço arquitetónico”, remata o texto.
A exposição inclui ainda três caixas – Catuaba, Delícia e Cravo e Canela -, revestidas a azulejo, que se encontram “dispostas na parede, à altura do nosso olhar, tal como pinturas que outrora se assumiam como janelas abertas ao mundo”.
Joana Vasconcelos, que representou Portugal na Bienal de Artes de Veneza, no ano passado, apresentou, há seis anos, a monumental intervenção “Contaminação”, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Com 42 anos, Joana Vasconcelos é uma das mais internacionais artistas plásticas nacionais. No passado mês de fevereiro, inaugurou uma exposição, no Museu de Arte de Manchester, no Reino Unido, e, no ano passado, apresentou obras suas numa galeria da ilha espanhola de Maiorca, a Horrach Moya, e no Museu Gucci, em Florença.
Também em 2013, as suas obras “Blue Champgane” e “Coração Independente — Vermelho” fizeram parte da exposição “Sculpture Walk”, no Royal Hospital Chelsea, em Londres.
Joana Vasconcelos foi a primeira mulher e a mais jovem a expor no Palácio de Versalhes, em França, superando recordes de público, em 2012, mostra a que se sucedeu a concebida para outra antiga residência régia, o Palácio da Ajuda, em Lisboa, em 2013.