A jornalista norte-americana Liz Wahl, que trabalhava para a estação de televisão estatal RT (Rússia Today), pediu demissão em direto na quarta-feira, dia 5, acusando a estação de “branquear as acções” de Vladimir Putin.
No estúdio em Washington, anunciou que já não podia fazer “parte de uma rede que encobre as acções de (Vladimir) Putin (presidente da Rússia). Estou orgulhosa de ser americana e acreditar na divulgação da verdade, e é por isso que, após este noticiário, apresento a minha demissão”, afirmou.
Em entrevista ao site “The Daily Beast”, Wahl referia que já não se sentia bem a trabalhar para o canal: “Senti-me doente por trabalhar aqui”.
Wahl já planeava deixar a estação há algum tempo, depois de ter sido repetidamente criticada pelos seus superiores. Segundo a jornalista, a influência do Kremlin sobre a RT é subtil, mas a administração manipula os seus funcionários, punindo aqueles que se desviam da narrativa determinada. “Para ter sucesso ali, não se pode questionar”, revelou.
Ainda segundo a mesma publicação, na terça-feira, outra apresentadora da RT, Abby Martin, denunciou a invasão da Crimeia por Putin. “Eu não posso dizer vezes que cheguem quão fortemente sou contra qualquer intervenção de um Estado nos assuntos de uma nação soberana. O que a Rússia fez é errado”, disse. Logo a seguir, os chefes de Martin disseram que esta seria enviada para a Crimeia, mas a apresentadora recusou.
“Acho que é um absurdo estarmos a poucos quarteirões de distância da Casa Branca e tudo isto poder acontecer”, concluiu Wahl. A jornalista mencionou ainda em direto a história da sua família, contando que os avós fugiram como refugiados para os EUA durante a Revolução Húngara de 1956 para escapar à União Soviética, salientando que a família da mãe ainda lá está e que vive em grande pobreza.
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