Ruy Silva, de 40 anos, diz que a paixão pela arte nasceu com ele: “Desde que me lembro sempre fui ligado às manualidades, sempre fiz muitos trabalhos desde miúdo”. Por isso, não é de estranhar que aos 15 anos tenha desafiado uma galeria, em Viseu, de onde é natural, a organizar a sua primeira exposição: “Fui lá e falei com o responsável, que disse que precisava de ver alguns trabalhos para depois ser analisado e decidir se fazia a exposição ou não. Nessa mesma hora fui a casa e voltei lá com três quadros, ele ficou surpreendido com os trabalhos e disse que só era preciso marcar a exposição”. Na altura, expôs 21 quadros e vendeu 19. A partir dessa data o artista nunca mais parou. “Quando andava no liceu vendia quadros aos meus professores”, contou, entre risos ao recordar esses tempos.
A carreira do artista já passou por várias fases e atualmente a laranja é um elemento sempre presente nas suas obras, como testemunhou a Move Notícias, que visitou o atelier de Ruy Silva. “Não se trata de nenhum fétiche, mas porque a cor laranja significa otimismo, força de viver, alegria, determinação, dinamismo…e é isso que carateriza a minha personalidade. Já tive uma fase do borrão de tinta, passei depois a fazer quadrados e retângulos… Agora estou na fase das laranjas, mas que já se vai dissipando nas minhas últimas obras, numa tentativa de transição”, explicou. Acima de tudo, as pinturas de Ruy Silva são a expressão daquilo que sente: “Pinto o que me vai a alma. Se pinto uma pessoa a dar um abraço é porque recebi um abraço ou preciso de um abraço”. A humildade é outra das qualidades do pintor, que reconhece que aprende “todos os dias com as pessoas com quem se relaciona” e nunca baixa os braços quando os seus sonhos estão em jogo. “Tornei o sonho de ser artista realidade e agora tenho a vontade de fazer mais e melhor”, afirmou.
O artista, que já expôs em Tóquio, Paris, Salamanca e Singapura, diz ter uma criatividade sem limites, por isso a pintura não é a sua única forma de expressão. Já colaborou, por exemplo, no último livro de Hélder Reis, “Clara, a Menina das Cores”, tendo assinado as ilustrações. Também ilustrou a coleção “Histórias de Amor dos Avós Contadas por Crianças”, da editora TopBook. Há um ano lançou-se numa nova aventura: a Ruy Silva Home, que tem a linha prestige, a linha iluminação e a linha base: “Temos os pufes, os candeeiros e os aparadores, estes últimos que fiz em homenagem aos poetas portugueses”. Além disso, também colaborou com a empresa Herkell no design de lareiras. “Todos estes projetos me preenchem enquanto artista”, acrescentou.
Este ano, Ruy Silva está a comemorar os 25 anos de carreira e para assinalar a data tem projetos prontos a ser lançados como uma coleção de pulseiras, em parceria com a Cabo de Mar, uma nova linha de iluminação e um projeto na área da literatura, que para já está guardado no “segredo dos deuses”. No dia 9 de maio vai inaugurar a exposição na galeria Arte Livre, em Lisboa, onde vai reunir mais de 20 obras. Em outubro será a vez de expor no Porto, mas para já, o artista não quis dar pormenores e prefere fazer “uma surpresa”.
Fotos: José Gageiro