Cultura

Carrilhões de Mafra entre os sete monumentos mais ameaçados da Europa

Os carrilhões do Palácio-Convento de Mafra, no distrito de Lisboa, estão entre os sete monumentos mais ameaçados da Europa, anunciou, em Viena, a organização Europa Nostra.

Os outros seis monumentos selecionados são a Maquinaria de Cena do Teatro Bourla em Antuérpia, na Bélgica, os bairros de Dolcho e Apozari, em Castória, na Grécia, a Cidadela de Alessandria, em Itália, as igrejas de madeira na Transilvânia do sul e no norte da Oltenia, na Roménia, o bairro de habitações coloridas em Chernyakhovsk, na Rússia, e a sinagoga de Subótica, na Sérvia.

“Estas joias do património cultural da Europa estão em sério perigo, algumas devido à falta de fundos ou competência técnica, outras devido a planeamento inadequado. Medidas urgentes são necessárias e serão organizadas ações de resgate durante e depois do verão e propostos planos até ao final do ano”, indicou em comunicado o Centro Nacional de Cultura (CNC), que representa a organização Europa Nostra em Portugal.

Referindo-se aos carrilhões de Mafra, o presidente do CNC, Guilherme d’Oliveira Martins, afirmou, citado na nota, que este “é o reconhecimento do valor excecional do património português”.
“A lista é a chave para a sensibilização do património em perigo na Europa”, referiu em comunicado Denis de Kergorlay, presidente executivo da Europa Nostra.

O responsável referiu que esta lista é um apelo à ação e que, além destes sete monumentos e sítios, há inúmeros tesouros em perigo por todo o continente. “As partes interessadas, públicas e privadas, a nível local, nacional e europeu, são convidadas a unir-se para salvar os monumentos e sítios que contam a nossa história partilhada e que não devem ser perdidos por gerações futuras”, incitou Kergolay.

“Queremos também sublinhar que cuidar do nosso património comum é um investimento decisivo na sociedade e no crescimento económico da Europa”, referiu o responsável.

O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, afirmou no passado dia 12 de março, no parlamento, que o Museu da Música ia ser alojado no Palácio Nacional de Mafra e que os carrilhões do convento iam ser restaurados.

O responsável pela Cultura falava na Comissão de Educação, Ciência e Cultura, no âmbito de uma audição regimental sobre política cultural. Jorge Barreto Xavier disse que os carrilhões do palácio-convento “estão num estado de degradação elevado” e que existiu há algum tempo uma “sinalização” do estado deste património.

“Os fundos necessários para a salvaguarda dos carrilhões atingem largos milhões de euros. Vamos usar dois milhões do Fundo de Salvaguarda do Património, mas é preciso mais”, disse, sublinhando que este restauro “é uma das prioridades” do Governo por se tratar do “maior conjunto do mundo” de carrilhões.

Os carrilhões de Mafra constituem um conjunto único no mundo de 120 sinos em bronze, sendo o maior do século XVIII que chegou aos dias de hoje, realçou a Europa Nostra.

Na lista inicial dos onze monumentos pré-selecionados pela Europa Nostra para o programa “Os 7 Sítios mais Ameaçados”, anunciada em março passado, além dos carrilhões do Palácio-Convento de Mafra, figurava o Paço de Vilar de Perdizes, em Trás-os-Montes.

Também no ano passado o Convento de Jesus, em Setúbal, foi classificado entre os sete monumentos mais ameaçados da Europa.

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