A peça “A Noite”, de José Saramago, estreou no palco do teatro Rivoli, no Porto, na quinta-feira, dia 8, com um elenco de luxo e atores com provas dadas na ficção nacional. Com encenação de José Carlos Garcia, a peça junta alguns dos mais conhecidos actores portugueses da actualidade: Paulo Pires, Pedro Lima, Vítor Norte, Joana Santos, Sofia Sá da Bandeira, António Durães, Samuel Alves, Fábio Alves e Filipe Crawford.
“Nem foi fácil enquanto processo, nem fácil enquanto responsabilidade adaptar uma obra de José Saramago, porque não se brinca com textos do Saramago. Eu não tinha intenção de brincar, tinha intenção de fazer uma adaptação para os nossos dias que nos fizesse na mesma pensar sobre o que é a liberdade, sobre o que foi a revolução, sobre o que isso foi importante para as nossas vidas, tirando alguma carga mais pesada que o texto tinha no início e fazendo as pessoas rir, porque a rir também conseguimos aprender e pensar”, explicou à Move Notícias Paulo Sousa e Costa, ressalvando que não transformou a peça numa comédia.
“Quem lê a obra original de Saramago, vê ali muito humor, ele tinha um humor negro, que era característica dele e eu peguei nisso e continuei dando um bocadinho do meu humor. Foi esse o processo de evolução para um caminho mais divertido” contou o produtor e responsável pela adaptação da peça, agora em cena na invicta.
Depois de ver o trabalho de adaptação no palco, Paulo Sousa Costa diz que está “orgulhoso” do trabalho. “Para mim era muito importante perceber a reação da própria Pilar, porque foi a grande parceira de Saramago e ela gostou muito, isso para mim foi muito bom”, acrescentou. Também outros membros da família do Nobel da Literatura, como a filha e a neta, Ana Saramago Matos, já assistiram várias vezes ao espectáculo e o feedback foi sempre positivo. “A segunda parte era obviamente a reacção do público e essa não podia ser melhor”, concluiu.
Em “A Noite”, o único Nobel português da Literatura transporta a acção para o 24 de Abril de 1974. O cenário é a redacção de um jornal em Lisboa, onde a rotina é interrompida pela discussão entre o redactor Manuel Torres (Paulo Pires), que defende a verdade jornalística acima de qualquer outro interesse, e o seu chefe de redacção, Abílio Valadares (Vítor Norte), homem submisso ao poder político, que aceita a censura sem questionar, com o apoio incondicional de Máximo Redondo António Durães, o director da publicação. Tudo isto, enquanto lá fora crescem os rumores de que a Revolução está nas ruas.
A peça vai estar em cena na Invicta até ao dia 25 de maio.
Fotos: José Gageiro