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Paulo de Carvalho: “Só tenho saudades do futuro”

Paulo de Carvalho passou pela Casa da Música, onde atuou ao lado de Rita Guerra e Ivan Lins, num concerto de tributo a Tom Jobim. “Achei a ideia fabulosa, porque ia partilhar o palco com pessoas que admiro. Por isso, aceitei o convite. Tenho pena que não se façam estas homenagens a artistas portugueses”, afirmou.

Na passagem pela Invicta, o músico foi ainda distinguido no Baile da Rosa e confessou que se sentiu “honrado” pelo prémio. Entre uma agenda muito preenchida, o intérprete encontrou-se com a Move Notícias no Hotel da Música, local que homenageia a sua grande paixão.

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Com 52 anos de carreira e incontáveis sucessos, Paulo de Carvalho garante não se cansar da carreira que escolheu nos tempos de juventude: “O que me cansa é o que me rodeia ou o momento cultural que vivemos, que não é bom”. Apesar de frisar que “não se queixa de nada”, reconhece que “nunca assistiu a momento tão mau na cultura portuguesa”. “Há muita oferta, mas o quadro económico não permite que as pessoas assistam a espetáculos com muita frequência”, realçou.

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Com um público fiel, Paulo de Carvalho tem vários concertos agendados. No dia 27, estará em Vila do Conde e o regresso ao Porto está marcado para 6 de Novembro, no Coliseu. “Enquanto houver público que me queira ouvir tocar… Cá estarei. É isto que gosto de fazer. É por esta profissão que continuo apaixonado”, confessou.

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Ao longo de 52 anos, Paulo de Carvalho lançou 24 álbuns, sendo que o último trabalho “Duetos de Lisboa” chegou às lojas no ano de 2012. Para já, o artista não planeia lançar um novo disco, porque sente que “está na altura de repensar a forma como a música chega ao público”. “Atualmente as pessoas consomem muita música através da internet. Penso que devemos adaptar-nos ao progresso, saber utilizá-lo, mas não nos deixando utilizar”, defendeu.

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O cantor quer mostrar às pessoas que “há muito mais do que ‘E Depois do Adeus’”, música que serviu de senha à revolução de 25 de Abril de 1974. “É muito difícil descolarmo-nos de muitas ideias que fazem de nós. Claro que me honra, ainda que por acaso, fazer parte da História de Portugal, mas estou agarrado a isso há 40 anos”, desabafou.

Apesar de considerar que o seu instrumento “é a voz”, Paulo de Carvalho é mais do que um cantor já que também trabalha como compositor, tendo já escrito e composto música para inúmeros artistas. Curiosamente na primeira banda da qual fez parte, os Sheiks, não era o vocalista, mas sim o baterista. “Era o instrumento que sabia tocar na altura e era o que a banda precisava”, contou, acrescentando que não sente falta desse tempo: “Só tenho saudades do futuro”.

PC

Fotos: José Gageiro