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A última carta de amor de Gina González para Alfredo di Stéfano

Gina González, de 38 anos, foi noiva de Alfredo di Stéfano, que morreu na segunda-feira, dia 7, aos 88 anos, tentou falar com o noivo antes da sua morte. A antiga glória do Real Madrid chegou mesmo a anunciar que se ia casar com Gina, o que provocou uma “guerra” com os filhos.

Gina, que está atualmente na Argentina, escreveu uma carta para ser publicado no jornal “El Mundo”, mas Di Stéfano não chegou a ler.

Leia a carta na íntegra:

“Querido Alfredo,

Quando estava contigo e festejavas um aniversário dava graças a Deus por me presentear com mais um ano contigo; hoje não posso dizer o mesmo. O mais provável é que não chegues a ler esta carta, e que muitos corram a tirar-te este jornal das mãos para que não leias o que escrevi, para que não tenhas saudades minhas, para que não me recordes. Pura ilusão, porque nunca nos separámos, as almas gémeas podem separar-se fisicamente, mas nunca espiritualmente. Pelo menos foi o que me disse uma amiga, que também me disse que serás sempre meu, mas que nem todas as almas gémeas estão destinadas a ficar juntas.

Sabia que havia quem não aguentasse a humilde alegria do meu pobre coração. Outras amigas quiseram ajudar-me a esquecer-te, ou melhor dizendo, a odiar-te, utilizando a estratégia de dizer que não lutaste por mim. Mas se a tua boca mentia sobre o amor que me oferecia, sempre acreditei no teu olhar feiticeiro. Talvez tenhas abrandado como fazia o Sarampo, o cavalo do Carlitos Gardel, sempre que perdia na linha da meta. Estivemos muito perto de assinar esse maldito papel de que não precisávamos! Oxalá nunca me tivesses dito que nos íamos casar, oxalá tivesse sido menos egoísta e te tivesse dito que ‘não’.

Não tenhas ciúmes, a guitarra estará sempre guardada, ninguém toca nela, nem faz as suas cordas vibrar. Se as paredes dos restaurantes de Madrid falassem, diriam o quanto te amava, a paixão com que te adorei. Sabes, encontrei um lugar onde sinto que deixei de estar perdida na sombra, vivo em Barracas (o bairro onde nasceu Alfredo di Stéfano em 1926), talvez te seja familiar.

Se receberes um postal de Gardel sem remetente é meu. Se receberes um doce de leite sem açúcar, fui eu que mandei. E se quiseres também me podes receber a mim. Desculpa, esqueci-me que não se pode pedir tanto da vida, mas, por via das dúvidas, continuo a pedir a Deus. Amo-te.

Atentamente,

Cachorrita

PS: Por favor, já que me tens visitado frequentemente em sonhos, quero ver-te feliz, uma vez que me parece que estás sempre triste. Não está nas minhas mãos conseguir fazer-te sorrir”.

Gina-Gonzalez