Mais de metade dos inquiridos num estudo da Deco, relacionado com excesso de peso, estavam a fazer dieta, 92% já tinham tentado controlar ou perder peso e 86% dos que fizeram um regime alimentar tinham recuperado os quilos perdidos.
O estudo, que será publicado na edição de agosto/setembro da revista “Teste Saúde”, decorreu entre setembro e dezembro de 2013, em Portugal, na Bélgica, em Espanha, em Itália e no Brasil, e envolveu 11.616 pessoas (1.799 em Portugal), com idades entre os 18 e os 64 anos, 54% das quais se encontravam a fazer dieta, no período em que decorreu o inquérito.
O coordenador do estudo, Osvaldo Santos, explicou à agência “Lusa” que se trata de “uma repetição” de um inquérito realizado em 2001 pela associação de defesa do consumidor e pretendeu aferir a qualidade de vida associada ao excesso de peso, as perceções individuais sobre o problema e as medidas escolhidas para o combater.
“A obesidade é um problema sério de saúde, é uma doença muito prevalente e nós quisemos perceber um pouco melhor o impacto do excesso de peso na perspetiva das pessoas que são afetadas por esse problema”, disse Osvaldo Santos.
O estudo verificou que, apesar de haver uma “maior perceção” do problema, houve um aumento da prevalência de excesso de peso, incluindo a obesidade, comparativamente a 2001.
Osvaldo Santos apontou que 52% dos inquiridos têm um índice de massa corporal que corresponde a excesso de peso e 12% a obesidade, mas observou que esses valores estão abaixo dos obtidos num estudo recente do Observatório Nacional de Atividade Física e do Desporto, segundo o qual 67% dos homens e 58% das mulheres têm excesso de peso.
A perceção da necessidade de perder peso aumentou nos últimos 13 anos, sobretudo nos homens. Se, em 2001, 55% dos homens sentiam a necessidade de perder os quilos a mais, atualmente são 62%, uma subida que foi mais ligeira nas mulheres.
Sobre as razões que os motivaram a perder peso, 88% disseram que foi para se sentirem melhores consigo próprios, 40% por conselho médico, 17% para melhorar a vida social, 16% para ficar em forma numa época do ano, 12% por conselho do parceiro, 10% por sugestão de familiares ou amigos e 9% para melhorar a carreira.
Apesar de 63% dos inquiridos reconhecerem ter peso a mais, apenas 28% assumem estar insatisfeitos com o corpo, sendo nas mulheres o maior desagrado com as formas, enquanto os homens se queixam sobretudo do peso.
A falta de exercício é apontada por 55% dos participantes como a principal culpada, seguida do comportamento alimentar (48%). Cerca de um quarto dos inquiridos apontam causas genéticas para o problema.
Cerca de 92% dos participantes estão a tentar ou já tentaram controlar ou perder peso, mas apenas um em cada cinco recorreu a um nutricionista.
Independentemente do método escolhido, só 14% não recuperaram os quilos perdidos.
Cerca de 30% recuperaram, 42% retomaram parte do peso perdido e 16% ganharam mais quilos do que tinham antes.
A prevalência das doenças crónicas mostrou-se maior entre os pré-obesos (43%) ou obesos (55%) do que entre os que apresentavam um peso normal (34%).
Os inquiridos com excesso de peso e obesidade também revelaram maior prevalência de problemas como ansiedade ou depressão.
O estudo sublinha que “o aumento de informação, que gerou uma maior consciencialização, não foi acompanhado da adoção de soluções práticas para resolver o problema”, defendendo que “é preciso investir junto da população na divulgação e no acesso a soluções práticas e duradouras que permitam alterar a situação a longo prazo”.