O que é a suspensão mamária/mastopexia?
A mama feminina pode descair devido a vários factores como o excesso de peso, ausência de uso de soutien, idade, aumento e posterior redução de volume durante o aleitamento, gravidez e mudanças de peso. As terapias médicas não cirúrgicas não se tem revelado eficazes, por isso a única terapêutica que o Médico pode recomendar é a cirurgia. As candidatas a esta operação são mulheres em geral satisfeitas com o volume da mama, mas descontentes com o descaimento e posição ou tamanho do mamilo. Existem diferentes técnicas operatórias que tentam o levantamento da mama (pexia). O cirurgião deve em cada caso adoptar a que considere mais oportuna e sobretudo a que domine melhor.
Procedimento Cirúrgico
O objetivo da operação é levantar a mama no seu conjunto, diminuindo o volume no pólo inferior, aumentá-lo no superior e atingir a altura adequada do complexo areolo – mamilar. Tem especial importância a projecção da mama; a mama descaída (ptósica) é muito achatada, pelo que o Médico deve cuidar muito o aspecto da projecção. Nalguns casos, o diâmetro mamário também está muito aumentado, pelo que devemos diminuí-lo.
Como nesta cirurgia o objetivo não é retirar volume, o cirurgião deve conservar o maior volume da glândula e retirar a pele que sobra com um mínimo de cicatrizes. As técnicas antigas não se preocupavam muito com as cicatrizes e estas eram de tamanho considerável. As mais modernas tentam sempre que possível evitar as cicatrizes horizontais que cicatrizam pior e podem ver-se com o decote.
A incisão delineia a área em que a pele do seio será removida e define a nova localização para o mamilo. Quando a pele em excesso for removida, o mamilo e aréola são movidos, para uma posição mais alta. A pele que cerca a aréola é então trazida para baixo e reestrutura-se o seio.
A técnica cirúrgica de Liacyr-Riveiro modificada por mim. E feita seguindo os passos que se especificam:
1. Marcação cuidadosa.
2. Infiltração anestésica cuidadosa.
3. Desepidermização periareolar.
4. Individualização do retalho pediculado inferior.
5. Migração do retalho.
6. Encerramento glandular e cutâneo.
Anestesia e duração da cirurgia
A anestesia pode ser geral ou local com sedação. Na Clínica Luso Espanhola optamos sempre que possível pela sedação com anestesia local; a razão é que a paciente não vai sentir dor no pós-operatório imediato. O uso de modernos anestésicos locais como a ropivacaina com ou sem vasoconstrictor garante um longo período de anestesia da zona operada, de modo que a cirurgia pode ser feita em ambulatório. A intervenção numas mãos treinadas dura entre 2 e 3 horas. Se a hemostasia é feita cuidadosamente, não serão necessários drenos. Este pormenor depende da técnica de cada escola. O internamento pode variar entre 6 e 24 horas, dependendo do seu estado geral e da extensão da intervenção.
Deve ser usado um penso adequado e um soutien próprio nos primeiros dias. Habitualmente aconselhamos o uso do soutien durante 3-4 semanas. Os pontos devem permanecer um mínimo de 14 dias no caso de suturas intradérmicas.
Resultado
Alguns pacientes, especialmente os que possuem seios relativamente pequenos e quedas mínimas, podem ser candidatos a procedimentos modificados que requerem incisões menos extensas, através de incisões menores realizadas a partir da aréola. Um implante mamário pode ser inserido ou não dependendo da técnica utilizada, da vontade do paciente e da indicação do cirurgião.
Embora as cicatrizes sejam o resultado inevitável de qualquer cirurgia, o cirurgião fará todos os esforços para que a cicatriz seja o menos perceptível possível. Os pontos normalmente são localizados ao redor da aréola, numa linha vertical que se estende para baixo da área do mamilo, e ao longo do sulco inferior do seio. Contudo a cicatrização é uma característica pessoal e varia de paciente para paciente. O resultado final é visível ao final de 6 meses.
Cuidados no período pós-operatório
Após o ato operatório, a paciente fará uso de um soutien específico, que deverá ser usado por aproximadamente 30 dias. Neste período, a paciente deverá sempre usar o soutien tanto de dia como de noite e após este período sempre que pratique desporto. Banho ou duche somente após a autorização do médico. Durante as primeiras semanas de pós-operatório, a paciente não deve realizar esforços físicos, pois existe o risco de abertura das suturas realizadas na mama. Depois desse tempo, gradualmente, a paciente vai voltando à sua vida normal e os esforços podem tornar a fazer parte da sua rotina. A cicatriz resultante dependerá fundamentalmente da qualidade de cicatrização desse paciente em particular. Cada indivíduo apresenta uma peculiaridade especial no que diz respeito à cicatrização.
Quais os problemas mais frequentes que podem aparecer numa mastopexia?
Embora não seja comum, a suspensão mamária, como qualquer outro ato operatório, pode apresentar complicações como cicatriz hipertrófica, diminuição de sensibilidade mamilar, hematoma, deiscência de sutura, infecção e necrose da pele. Qualquer que seja o tipo da complicação, é importante ter calma e compreensão, confiando ao médico a responsabilidade pela solução do problema. Comentários com amigos ou pessoas da família, alem de não ajudar, podem criar uma situação de intranquilidade e de descrédito. O surgimento de algum dos problemas acima mencionados faz parte do chamado “risco calculado”, que se aplica a todo tipo de cirurgia. A sua ocorrência, felizmente, não é frequente e não costuma comprometer os resultados definitivamente.
Quais as perguntas que devem ser colocadas ao cirurgião que me vai operar?
1. Qual a técnica que costuma utilizar?
2. Qual a experiência: quantas pacientes já operou com esta técnica? Quais os maus resultados e complicações que tem tido?
Se possível tente ver alguma paciente operada pelo Cirurgião.
3. Quando desaparecem as cicatrizes?
As cicatrizes vão ficando disfarçadas a longo de vários meses, podendo demorar até 1 ano. Convém esclarecer que as cicatrizes nunca desaparecem, mas com o passar do tempo ficam muito disfarçadas.
4. Pode haver perda de sensibilidade?
É uma complicação muito rara mas possível em qualquer cirurgia mamária.
5. Posso amamentar se ficar grávida?
Em princípio não deve existir problema algum. Existem técnicas mais agressivas que podem impedir o aleitamento. Na minha experiencia nunca tive este problema.
6. Quando posso voltar a trabalhar?
Depende do tipo de intervenção cirúrgica e da capacidade de cicatrização de cada pessoa. Se tudo correr bem e o trabalho não for pesado, entre 10 e 15 dias é um prazo razoável.
7. A operação dura para sempre?
Não fazemos nada que dure para sempre. A sustentação da mama depende de vários factores: idade da paciente, flacidez da pele, volume e peso da mama. Varia portanto de umas pessoas a outras. Um tempo razoável é esperar uma duração de 10 anos.
8. Posso aumentar o peito mais tarde?
Pode ser associada uma operação de aumento mamário. O ideal é fazer as duas cirurgias separadas mas isto nem sempre é possível.