Emídio Rangel morreu esta quarta-feira, dia 13, aos 66 anos, vítima de um cancro na bexiga. Assim que a notícia se tornou pública, as reações não se fizeram esperar e algumas caras conhecidas, entre elas amigos e colegas de profissão, deixaram uma mensagem nas redes sociais.
Rita Ferro Rodrigues: “Entrávamos no gabinete do Rangel a achar que determinado trabalho que nos tinha sido atribuído era um cócó e saíamos de lá, de peito erguido, com o mesmo cócó com que entráramos, mas a achar que era um cócó de ouro, o mais precioso do mundo e nós os únicos capazes de lidar com tamanha raridade. Era assim, o Rangel. Genial, sedutor, brilhante, galvanizador. Um líder com muitos defeitos como todos os homens mas absolutamente fascinante. Magnético. No primeiro ano de SIC Notícias (estava eu a fazer madrugadas) na noite dos Globos de Ouro veio buscar -me à redação (onde eu despachava notícias como se não houvesse amanhã) para ir à festa da estação. Devo -lhe e ao Nuno Santos, a minha entrada na SIC, SIC que me deu dois filhos, os melhores amigos do mundo e os melhores momentos a trabalhar, fazendo o que gosto, acompanhada dos melhores. Deu -me muito. Disse -lhe isso em vida, agradeci -lhe em vida. Mas aqui vai de novo: obrigada Velho Leão. Por tudo”.
Daniel Oliveira: “Devemos muito a Emídio Rangel. Mais do que nos apercebemos no nosso dia a dia. Teria defeitos, como todos os homens, mas que não chegam para ensombrar as suas imensas virtudes”.
Fátima Lopes: “Acabo de saber da morte do Emídio Rangel. Confesso que não estava preparada para esta notícia. Achei sempre que ele venceria mais esta batalha. É graças a ele e ao facto de ser um visionário, que me fiz apresentadora. Obrigada Emídio! A minha gratidão é eterna”.
Carlos Daniel: “O Emídio Rangel deve ter sido o jornalista mais corajoso que conheci na vida. E um dos mais geniais também. Devem-lhe tanto a rádio e a televisão (também a RTP que ele mudou muito mais em alguns meses do que outros em muitos anos). Criou a TSF e a SIC, lançou (com o Nuno Santos) a SIC Notícias. A obra só não é maior que o homem porque ele foi mesmo muito grande. A minha vida e a minha carreira também não seriam o mesmo sem ele. Devo-lhe isso para sempre. E sobretudo o exemplo. De coragem”.
Bárbara Guimarães: “Hoje partiu um dos homens que está na história da televisão em Portugal. Um homem persistente cheio de garra, com uma força única. Obrigada Emídio por me teres apresentado à casa que tanto amo, a SIC. Que todas as estrelas te iluminem…”.
Joana Lemos: “Meu querido Emídio o meu coração chora já de Saudade, mas também de angústia e indignação pelo mal que te trataram .. Sei que partiste sem Mágoa mas consciente da pequenez dos que não souberam valorizar a tua capacidade visionária a tua frontalidade e acima de tudo das tuas convicções. Como tu próprio me dizias”deixa”.. Deixa sim porque a obra foi e será tua, a tua capacidade de luta ficará para sempre para nós como exemplo.. A saudade que deixas?… Essa vou ter que aprender a viver com ela e acreditar que um dia vamos todos nos juntar outra vez e dar as nossas gargalhadas!! Obrigada querido Emídio por todas as lições que me deste! E pelo grande Amigo que sempre foste!”.
Nuno Santos: “Dizem que o Emídio Rangel morreu. Não é verdade Quem entra na história, quem a faz fica eternamente vivo. Mesmo que seja da pequena história da Comunicação Social em Portugal nesta era de tantas e tão vertiginosas transformações. Parece que passou pouco tempo, talvez tenha passado, mas temos já o distanciamento suficiente para saber que o Homem que criou e dirigiu a TSF e que depois, durante uma década, liderou com energia, visão e arrojo o primeiro Canal de Televisão Privada em Portugal fazendo da SIC uma máquina de sonhos é – escrevi é, não escrevi foi, uma figura especial. Inesquecível.
Como ele próprio escreveu um dia – ‘quisemos a Lua e tocamos-lhe com os dedos’. Durante os quase 29 anos que levo de actividade o Emídio Rangel foi a pessoa que mais me influenciou e aquela com quem estabeleci uma relação quase umbilical. Sim, fui o seu “Delfim” sem pedir para o ter sido, mas nem por isso hesitei em confronta-lo e combatê-lo quando achei que isso devia ser feito. A vida coloca–nos à prova, às vezes quando menos esperamos.
Foram dez longos anos de afastamento e rancor nunca disfarçado quebrados num longo (e acho que desejado) almoço de várias horas à beira do Verão de 2011. Para mim foi um dia feliz. Um dia de paz. Durante essa década tanta coisa mudou nas nossas vidas que dificilmente voltaríamos ao ponto de partida, mas encontrar o Emídio de novo foi reconfortante. O essencial, aquilo que é invisível à vista, estava lá. Nunca se perderá. Foi, de certa forma, como reabrir uma velha estrada que nos levava a um belo lugar e que, por ter estado ao abandono, não podia ser percorrida.
Nos últimos meses – a vida é mesmo irónica – um projecto para Angola, a terra onde nasceu e que amava, juntou-nos. Era, e é um pequeno projecto ao pé de outros onde ele esteve, mas encontrei-o entusiasmo e com vistas largas de sempre. Nunca pensou pequeno. Por um acaso do destino almoçámos juntos no dia em que soube que o cancro, que ele já vencera tenazmente uma vez contra todas as expectativas, o atacava, traiçoeiro, de novo. Talvez – no fundo – ele amaldiçoasse aquele momento que eu involuntariamente testemunhei, mas vi no seu olhar o brilho de sempre e a vontade de ir à luta em mais uma batalha.
A vida do Emídio foi isso mesmo – uma vida de constantes batalhas. Perdeu imensas, mais do que gostava de admitir, mas ganhou com distinção e raro talento as mais importantes. É isso que fica. É isso que nos deixa. Curvo-me respeitosamente perante a sua memória e esse seu legado. Deixo à Ana e à Catarina, ao Sr.Emídio, ao Jorge, ao Zé e ao Rui os meus sentimentos. Eu e a minha geração de profissionais tivemos, de facto, muita sorte. É nisso que penso e quero pensar no futuro”.
Bruno Nogueira: “Morreu Emídio Rangel. Hoje deixou-nos um homem que desbravou caminho como poucos. Arriscou numa altura em que havia tudo a perder, e homens desses na televisão há poucos. Já fazia muita falta mesmo antes de morrer, agora fará ainda mais”.
Nuno Markl: “Por bizarro que pareça, tendo em conta como este meio é pequeno, estive uma vez na minha vida com o Emídio Rangel e nunca trabalhei directamente com ele. Foi uma figura incontornável de uma nova visão do que era a televisão, mas como fã devoto das artes da rádio, permitam-me que o recorde, acima de tudo, como um dos homens que revolucionou esse meio, ainda antes de contribuir para a revolução televisiva. Estão a ser uns tempos terríveis de partida de pessoas de valor e que ainda muito teriam para dar”.
Cláudio Ramos: “… Devo ao Doutor Emídio Rangel o começo da minha vida televisiva. Foi ele que acreditou em mim. Foi o primeiro a dar-me ‘a’ oportunidade. E ainda hoje me lembro da sua frase no seu gabinete dias antes de me estrear nas Noites Marcianas: ‘Cláudio, dei-te a oportunidade porque achei que serias capaz, cabe-te a ti fazer o resto’. Tenho tentado Director. Até sempre e obrigado! Sempre!”.