O risco de propagação do Ébola em Portugal é ínfimo, mesmo que entre alguma pessoa infetada, não só devido aos meios e às práticas existentes no país, mas também às características de contágio desta doença, assegura um infeciologista.
“A probabilidade de chegar uma pessoa infetada não é tão pequena, mas a de propagação da doença é infinitesimal”, garantiu Jaime Nina à agência “Lusa”, justificando com os meios de rastreio e de isolamento eficazes, com a preparação dos hospitais para receber os doentes e com as práticas de higiene, prevenção e segurança já existentes há muito tempo entre os profissionais de saúde.
“Em Portugal, se chegar alguém com febre ao hospital, não há enfermeira que lhe faça análises sem luvas. Em África isso não acontece”, exemplificou.
O Ébola é uma doença que não se transmite durante a fase de incubação do vírus, apenas quando a doença já se manifesta, e apenas se transmite por contacto direto com fluidos biológicos, como o sangue ou o sémen, e não por via aérea como acontece com a gripe.
Estas características diminuem o risco de contágio, pois permitem que todas as medidas preventivas sejam tomadas.
“Só se pode transmitir por via aérea se a pessoa tossir e tiver sangue, pois faz aerossol de partículas de sangue. Estes são os doentes mais perigosos e que justificam isolamentos mais rigorosos e utilização dos escafandros pelos profissionais de saúde”, explicou.
Se o doente só tem febre e hemorragias pequenas debaixo da pele, não tem perigo de contágio por via aérea, acrescentou.
“Se um doente viesse com diagnóstico ou com o vírus incubado, não haveria problema, pois seria isolado em tempo útil e quando se manifestasse a doença já estaria controlado”, sublinhou o especialista em medicina tropical.
Após um período de incubação do vírus que dura entre uma semana e dez dias, e em que a doença não é contagiosa, esta manifesta-se através de febre, hemorragias, vómitos e diarreias, variando a taxa de mortalidade entre os 25 e os 90 por cento.
O surto de Ébola que assola a África Ocidental superou a barreira dos mil mortos, com 1.013 vítimas mortais e 1.848 casos, de acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde.