A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) está disponível para voltar a organizar a Feira do Livro do Porto, desde que se negoceie um acordo plurianual com a autarquia, disse à “Lusa” João Alvim, presidente daquela entidade.
“Não se pode andar a organizar e a deixar de organizar ao sabor das boas e más vontades e de guerras políticas”, considerou o presidente da APEL, ressalvando que a duração de um possível acordo seria ” uma coisa a discutir” com a autarquia e frisando que “não se pode é andar numa situação de ‘umas vezes sim, outras vezes não'”.
João Alvim declarou ainda que a Feira do Livro do Porto, “tal como foi desenvolvida este ano, é uma feira estruturalmente diferente daquela que a APEL faz”, explicando que, embora até possa ser “um evento interessante, com muitas atividades”, difere do modelo da APEL porque esse “não tem como objetivo o negócio” mas a “divulgação e promoção do livro, dos autores e da leitura”.
“São feiras distintas com objetivos distintos”, reiterou João Alvim, supondo que “aquilo que a APEL pedia de comparticipação ou de ajuda para a realização da Feira” já terá sido “ultrapassado com tanta atividade” no certame que este ano foi realizado nos jardins do Pavilhão Rosa Mota e que a autarquia estima ter recebido já cerca de 100 mil visitantes.
O presidente da APEL deixou claro que “do ponto de vista das feiras, esta não cumpre um objetivo fundamental, que é viabilizar a promoção dos livros e dos autores – e não estamos a falar dos autores que são escolhidos pela organização para fazer debates, porque esses serão vinte, trinta, o que for, mas sim da proximidade entre o público e os autores”.
“Numa feira acontecem, normalmente, centenas de eventos à volta dos livros e autores. Nós, organizadores, não interferimos nem escolhemos quais são os autores e livros escolhidos, porque isso é da competência do editor”, esclareceu João Alvim.
Em mais de oito décadas de realização do evento, este é o primeiro ano em que que a Câmara do Porto assume a total organização da Feira do Livro, antes promovida pela APEL, com quem o município mantinha um diferendo quanto aos custos da iniciativa.
A autarquia liderada pelo independente Rui Moreira suspendeu em fevereiro o processo negocial com a APEL, afirmando não ver “satisfeitas as condições necessárias para a assinatura de qualquer protocolo” com a associação.
A feira iniciou-se no dia 5, terminando no próximo domingo nos jardins do Palácio de Cristal.