A artista plástica Joana Vasconcelos vai inaugurar, na próxima terça-feira, dia 16, a Exposição Nacional do Bunho que vai estar patente até dia 26 nos claustros do Convento de S. Francisco, em Santarém.
A exposição integra-se no Projeto de Desenvolvimento Sustentável “Ideias do Antigamente Promovem o Ambiente”, liderado pelo município de Santarém e pelo Instituto de Arte, Design e Empresa – Universitário (IADE-U).
Maria João Cardoso, da Equipa Multidisciplinar de Ação para a Sustentabilidade (EMAS), da Câmara Municipal de Santarém, disse à “Lusa” que, no âmbito do projeto que visa reabilitar uma atividade quase em extinção, Joana Vasconcelos foi uma das artistas contactadas, tendo mostrado interesse em conhecer as virtualidades do bunho, fibra vegetal usada como matéria-prima por artesãos da região.
A vereadora Inês Barroso confessou que o contacto foi feito “sem grandes expectativas”, mas que a reação não podia ter sido melhor. “Ela ficou interessadíssima e virá observar as potencialidades de trabalho com esta fibra vegetal”,referiu, frisando que foi o interesse de Joana Vasconcelos por novas formas de desenvolver as artes tradicionais que motivou o contacto com a artista.
O projeto, que nasceu pequeno, “ganhou asas e voou”, sublinhou Maria João Cardoso, referindo a qualidade dos parceiros envolvidos e a dimensão nacional que permitiu realizar o Encontro Nacional do Bunho, em maio, em Santarém, e agora a exposição que mostra trabalhos de todo o país, e que pode ser catapultada internacionalmente.
“Sentimos que fomos pioneiros no desafio lançado e estamos muito agradados com este crescimento”, afirmou Inês Barroso.
O projeto parte da ideia de recuperação de uma atividade quase em extinção introduzindo-lhe inovação e conceitos de sustentabilidade e de empreendedorismo.
Inês Barroso afirmou que, fruto do projeto, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (entidade parceira) desenvolveu já um currículo de formação de 300 horas para artesãos em bunho, estando os parceiros da academia a criar valor, introduzindo fatores de inovação.
Carlos Barbosa, Diretor do Núcleo do Design para a Sustentabilidade do IADE-U, explicou que “a introdução de fatores inovadores permite o desenvolvimento de outra tipologia de produtos que vá ao encontro da apetência de novos nichos de mercado”, dando como como exemplo uma cesta pensada há mais de 20 anos para ir à feira, que não será utilizada hoje por uma jovem para ir às compras. “Provavelmente estará mais interessada num produto para transportar o computador, por exemplo. A inovação poderá passar por aí”, acrescentou.
“É preciso criar atratividade para que haja mais gente a acreditar que investir numa destas áreas pode ser um fator de empregabilidade. É importante que fique a noção de que é possível, introduzindo fatores tecnológicos e métodos de inovação mais consentâneos com o mercado e a cultura atual, criar quer empresas quer oportunidades de emprego”, acrescentou.
Maria João Cardoso sublinhou as várias componentes de um projeto que “respeita o ambiente”, pois parte de uma matéria-prima que cresce espontaneamente na margem dos rios, e que permite à comunidade criar meios para ser autosustentável.
Além do IADE-U, são ainda parceiros o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a ACAF Portugal – Comunidades de Valor Partilhado, a SCMS – Santa Casa da Misericórdia de Santarém e a Confraria Gastronómica “Os Tanheiros”, da aldeia do Secorio, onde a EMAS tem vindo a desenvolver um levantamento que será mostrado em vídeo durante a exposição.