Aos 13 anos gravou o seu primeiro disco, “All ‘Bout Smoke ‘n Mirrors”, como vocalista dos Fingertips. Ao fim de oito anos com o grupo, Zé Manel decidiu que era altura de se lançar num novo projeto musical para se reencontrar enquanto artista. Assim, em 2011 nasceram os Darko, que mostram uma faceta mais madura do artista. O mais recente single “Olhos no Chão” é um hino à inclusão.
Move Notícias – Porque decidiu deixar os Fingertips?
Zé Manel – Tenho o maior orgulho no meu percurso nos Fingertips, mas precisava de reencontrar as razões pelas quais escolhi a música como carreira. Na altura da minha saída havia muita pressão dos números e dos tops… Não queria estar a fazer as coisas por rotina, queria fazer música de forma genuína sem ter pressões externas.
MN – É nesse sentido que surge o projecto Darko?
Z.M. – Este projeto surgiu em 2011 e voltei a reencontrar-me como artista. Voltei a fazer música por amor e por prazer. Nunca quis ser músico pela fama ou pelo dinheiro. Esta profissão já é bastante inconstante, por isso acho que a tenho de fazer por prazer.
MN – Gravou o seu primeiro disco com 13 anos. O que é que mudou no Zé Manel desde então?
Z.M. – As idades são completamente diferentes. Agora estou com 26 anos, já não tenho aquela inocência…
MN – Sente que entrou para o mundo da música muito cedo?
Z.M. – Acho que não foi cedo, aliás foi um privilégio descobrir aquilo que queria fazer nessa idade. Foi uma sorte perceber que queria ser músico e poder sentir-me realizado nessa área. É certo que cometi muitos erros, mas tenho consciência daquilo que sou. Já sabia desde os nove anos o que queria ser, não passei por aquele período de indecisão, pelo qual muitos jovens passam.
MN – Sente que isso facilitou o seu percurso?
Z.M. – É claro que a partir do momento que descobrimos para onde queremos ir que as coisas se tornam mais fáceis. Muitas vezes não se tem a oportunidade com tanta facilidade, mas quando essa oportunidade surge há que seguir esse caminho. Tive as minhas inseguranças, mas acima de tudo a música para mim é um prazer.
MN – A família apoiou-o desde o início?
Z.M. – Sempre. O meu pai ficou mais preocupado quando eu estava a gravar o disco. A minha mãe esteve sempre atenta e ficou sempre de olho para me ajudar a direcionar o meu caminho.
MN – Os Darko têm correspondido às expetativas?
Z.M. – Sim, sem dúvida. Estou muito satisfeito com os resultados. “Until the Morning Comes” fez parte da banda sonora de “Belmonte”, “Para nunca mais (Acordar)” ultrapassou um milhão de visualizações no Youtube…Agora acabamos de lançar “Olhos no Chão” para celebrar os meus 10 anos de carreira. Também já temos o nosso site oficial online (www.darkoonline.com).
MN – Que balanço faz destes 10 anos?
Z.M. – Aprendi muitas coisas, houve muitas conquistas, fiz alguns disparates (risos) … tem sido um percurso muito bom e não mudava nada.
MN – Como entrou para o mundo da música tão cedo, como lidou com a fama?
Z.M. – Quando entrei neste mundo nunca quis ser famoso. Por isso, sempre fui eu próprio. Mudei-me para Viseu aos seis anos de idade e era um bocadinho solitário. Quando me tornei bem-sucedido na música, isso deu-me uma confiança que não tinha. Por essa razão, não foi complicado lidar com isso. Claro que há as coisas boas e más. Acho que a dada altura não me protegi, porque sou uma pessoa honesta. Não vou ser outra pessoa para ficar bem na fotografia. Sou um ser humano com uma vida comum, que vai a festas, que namora… Nunca geri a minha vida em função da fama.
MN – A par da música, também dedica o seu tempo a causas sociais. É sócio-fundador da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas…
Z.M. – Sou um dos sócios-fundadores da associação que foi criada há sete anos. A ideia surgiu quando eu e a minha irmã, que é presidente da associação, conhecemos os pais do Rui Pedro e eles queriam ajudar outras pessoas que passaram pelo mesmo que eles. O meu papel é mais de divulgação e sensibilizar as crianças para os perigos, por isso dou palestras em escolas, para que eles estejam sempre alerta.
MN – Porque é que decidiu dedicar-se a esta causa?
Z.M. – Acima de tudo gosto de fazer as coisas com o coração. Já sei que vou morrer pobrezinho, mas prefiro ter no meu funeral os bancos cheios de gente do que cheios de dinheiro. Acima de tudo sensibilizou-me o facto de conhecer os pais do Rui Pedro e a vontade deles de dar voz a uma causa.
Fotos: José Gageiro