Este domingo, dia 19, um cometa passará a cerca de 140 mil km de Marte, menos da metade da distância entre a Terra e a Lua. Essa aproximação é dez vezes menor do que a de qualquer cometa já identificado que tenha passado pela Terra. Por essa razão, a passagem de “raspão” do cometa C/2013 A1, conhecido como Siding Spring, pelo planeta vermelho vai permitir uma observação inédita deste tipo de corpo celeste.
A visão privilegiada vai ser das sondas que orbitam Marte e dos robôs que andam sobre ele, como o Curiosity. “É um facto inédito, e é uma sorte que isso aconteça em Marte, onde existem diversas sondas para registar o momento”, afirmou Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos. Segundo o cientista, há a expetativa de que a passagem do Siding Spring ajude a testar a hipótese de que material orgânico, ingrediente básico para o surgimento da vida, tenha surgido em regiões muito afastadas do Sistema Solar e chegado à Terra à boleia de cometas e asteroides.
A passagem tão próxima deste cometa também foi motivo de preocupação. Cientistas da Nasa precisaram desenvolver um plano para que as sondas que orbitam o planeta — Maven, Odyssey e MRO — não corressem riscos. O problema maior não era a hipótese de uma colisão direta com o cometa, mas sim a nuvem de gás e poeira que ele liberta na sua passagem – que forma a sua cauda. Mesmo partículas muito pequenas, de meio milímetro, podem danificar um equipamento ao viajar a uma velocidade de 56 km por segundo.
O Siding Spring está a realizar a sua primeira viagem pelo interior do sistema solar a partir da nuvem de Oort, um repositório gelado de cometas nos confins exteriores do sistema solar. O cometa não deverá fazer outra “visita” nos próximos um milhão de anos ou até mais.
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