Adolescentes com forte memória de trabalho, ou seja, de curto prazo, têm mais probabilidades de escapar do uso abusivo de drogas, mesmo que tenham sido expostos a estas em idade precoce. A conclusão é de um estudo realizado por investigadores da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos.
A equipa, coordenada por Atika Khurana, avaliou quase 400 meninos e meninas de 11 a 13 anos em situação de risco, que foram acompanhados até ao final da adolescência.
Estudos anteriores já indicaram que, quando jovens experimentam drogas muito cedo, o risco de se tornarem dependentes no futuro é muito alto. Apesar disso, há os que deixam de usar a substância conforme envelhecem. Para os cientistas, a memória de curto prazo pode ser um factor que colabora para isso.
Para comprovar a tese, a equipa aplicou quatro diferentes testes de memória nas crianças, no início da pesquisa, e acompanhou a evolução dos participantes em relação ao uso de drogas. No fim, ficou claro que os jovens que apresentaram um bom desempenho nos testes foram os menos propensos a progredir no uso das substâncias.
A explicação, segundo os cientistas, é que regiões pré-frontais do cérebro, ligadas à atenção e à memória de curto prazo, são capazes de exercer controlo sobre o comportamento impulsivo e a busca por recompensa imediata.
A descoberta sugere novas abordagens para a prevenção do uso de drogas. O trabalho, publicado na revista “Development and Psychopathology”, sugere que um ambiente familiar com rotinas estruturadas e estimulação cognitiva pode fortalecer a memória de trabalho em crianças já a partir dos três anos. Para as mais velhas, a indicação é de actividades que estimulam a competência social e a resolução de problemas.