No princípio era o silêncio e o silêncio tornou-se no princípio de todas as coisas. Quanto mais vivo, mais gosto do silêncio. Quanto mais gosto do silêncio, mais vivo. Como profissional da comunicação, cabe-me saber perguntar, mas também saber ouvir a resposta. Nunca farei uma boa pergunta, com toda a preparação e concentração que perguntar exige, se não me dedicar à resposta do meu convidado. Para tal tenho de me calar, é simples. Nunca conseguirei fazer uma nova canção se não me calar e ouvir o silêncio, que é o espaço onde existe a criação. Para vos escrever este texto, estou sentado, em silêncio, na companhia de uma luz morna, uma janela aberta, no sossego da casa.
O mundo é falador. Cada vez mais. Há gente que não se cala. Por todas estas contas, gosto de gente calada, não dos sonsos, mas daqueles que se calam para ouvir, ou porque não têm nada a acrescentar. Quem disse que temos de ter sempre opinião? Ou que para se ser sincero tem de ser dizer tudo o que se pensa e não pensar no que se diz, ou se vale a pena dizer?
O silêncio é de ouro, diz quem sabe, e há muitos anos. Eu gosto do admirável mundo do ouvir calado. Experimentem. Vale mesmo a pena!