A terra é extraordinária. Falo da terra terra, da que pisamos, da que mexemos, da que na qual plantamos, semeamos, colhemos. Da que somos feitos. Sempre gostei de pés na terra. Literalmente. Sempre gostei dos pés na terra, metaforicamente.
Sabe-me bem regar as poucas plantas da minha casa, sentir o cheiro do verde, da terra, e imaginar que tudo tem uma dimensão maior. Imaginar que estou num lugar grande de terra.
Fui criado numa casa com campo e, por sorte, com praia. Está em mim o prazer de apanhar limões da árvore, semear para ver nascer. É fabuloso ver nascer a semente. Lutadora por entre a terra, até encontrar a luz que precisa para se fazer senhora planta, seja daninha ou santinha. Terra é sempre terra, uma planta é sempre uma planta.
No maravilhoso mundo das colheitas, está o outono, mês de deitar cedo e de colher. Azáfama da vida que tira o sono a tanta gente e dá comer a quem tem fome. Deus dá a quem terra tem, ouvia eu dizer. Honestamente, é para esta dádiva que vejo os dias.