Atualidade

Jornalista chora morte do irmão

José Manuel Fernandes partilhou na sua página do Facebook a dor que está a sentir pela perda do irmão com um texto emotivo de despedida. Juntamente com a mensagem, o jornalista publicou uma foto de ambos, quando crianças. Leia a mensagem na íntegra:

16811_10153824053292588_3832517314873894647_n

“O meu irmão morreu. Morreu o Luís Pedro.
Há pouco mais de um mês soubemos da doença e soubemos que era fatal. Tentámos estar preparados. Mas não estávamos. Nunca se está. É uma mentira dizer que se está. Espera-se sempre qualquer coisa. Que seja possível recuperar o tempo. Que… nem sabemos. Por isso quando o dia chega, e o do Luís chegou hoje, e chegou com o fim do seu sofrimento, achamos que podia ser amanhã, ou depois, para recuperarmos todo o tempo que, afinal, não tivemos. Não tivemos juntos.
O Luís nasceu apenas dez meses e meio depois de eu ter nascido. Nada, portanto. Fizemos muita coisa juntos, e depois a vida levou-nos por caminhos diferentes. Ele cumpriu o seu sonho de menino, fez-se marinheiro, oficial da marinha mercante, e passou a vida no mar. Agora que olho para trás e verifico que estivemos demasiado distantes. Não devia ter acontecido. E é tarde demais para reviver a vida. É sempre tarde demais.
Éramos irmãos, separados por poucos meses, mas éramos bem diferentes. Esta fotografia, de que gosto imenso, apanha-nos quando éramos quase iguais e já diferentes. Eu, com o gato ao colo, ar pensativo, mais sisudo. Ele, mais atrevido a brincar com o gato, mais desafiador, com um riso quase provocador. Olho de novo para ela, e reencontro-me com o Luís, um Luís que afinal conheci e vivi menos do que devia.
Nas últimas semanas, nos últimos dias, nós, que somos cinco irmãos, mais os pais, mais os filhos de todos nós, estivemos com o Luís como porventura nunca sucedera antes, e nisso é que a família, ser da família, se torna algo de realmente poderoso. Abraçamo-nos como ninguém se abraça, o que faz a diferença.
Este domingo vamos todos despedir-nos do Luís. Chorar o que for preciso, sem medo de chorar. Rir, se for possível, se tivermos forças, porque ele também se ria. Procurando recordar-nos do que ele gostaria que nós recordássemos. E encontrando forças para o dia seguinte, como ele também quereria que fizéssemos.
Adeus Luís. Que saudades de todos os tempos irrepetíveis. Que saudades de ti, Luís.”