Há muito que parece abandonada a ideia romântica de amor. Porém, subsiste em cada um de nós essa miragem e o objetivo a atingir.
Cedemos perante as dificuldades da vida e o caráter de quem nos rodeia. Faz-nos descrer, desistir e quebramos no caminho. Como somos geneticamente formatados, procuramos alternativas. Por isso, a miragem do virtual. Estamos rodeados de gente e na realidade estamos mais sozinhos do que nunca, quer qualitativa quer fatualmente.
Esta é a sociedade isolada que vivemos. Tão depressa romantiza, tão depressa se entrega a prazeres carnais sem pensar, sem imaginar consequências. A sociedade que ao mesmo tempo sonha com o golpe de milhões é perfeita para quem nunca sentiu, ou soube, o que era delicadeza, atenção, carinho, abraço, surpreender, ser ouvido, cuidar…
O que se perde por instantes de irreflexão, o que não se faz e se devia fazer. O que se faz ou deixa de fazer por medo, nosso e dos outros. E assim levamos a vida até à morte.
Talvez por isso assistimos um crescente afeto por animais de estimação. Onde antes era guarda, companhia e proteção, agora é cada vez mais, substituição de carências afetivas. Estes não desiludem, não fogem, não dão preocupações, vivem em função do dono. No fundo, transmitem confiança, afeto e segurança, ou sentimento de posse…
Pormenores, ou talvez não, que fazem a diferença. O mundo de hoje irrita.
São opções de vida, ou as opções que a vida dá.
Temos quase tudo e temos tão pouco.
Talvez o futuro traga a possibilidade de transportar essa devoção pelo animal e devolvê-lo ao humano…
Vou ali, comprar um animal e tirar um apontamento… Até terça!