O espólio de Almeida Garrett, constituído por mais de 400 páginas manuscritas entre 1839 e 1854, foi adquirido pelo Estado à família Futscher Pereira por 30 mil euros, disse à “Lusa” fonte do gabinete do secretário de Estado da Cultura.
A aquisição por parte do Estado português do “espólio de Almeida Garrett”, da coleção Futscher Pereira, foi hoje anunciada pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, na inauguração da mostra evocativa dos 160 anos da morte do escritor.
Segundo o gabinete de Barreto Xavier, a aquisição é feita por parte da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, tratando-se “de uma coleção que engloba mais de 400 páginas manuscritas, grande parte delas inéditas, compreendidas no período de 1839 a 1853/54, que contribuem de forma decisiva para o estudo do ‘Romanceiro Português'”.
“Na sua maioria são manuscritos assinados pelo próprio Almeida Garrett, que abarcam um total de 99 temas de romances, permitindo desenvolver um conhecimento específico acerca da poética garrettiana”, afirma em comunicado o gabinete de Barreto Xavier.
“O espólio agora adquirido será objeto de um contrato de depósito na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, enriquecendo, desta forma, o já importante espólio garretiano de que [a instituição] dispõe”, acrescenta a mesma nota.
Autor, entre outras obras, de “Viagens na minha terra”, Almeida Garrett é uma das personalidades sepultadas no Panteão. A arca tumular do autor encontra-se na mesma sala onde estão os túmulos de João de Deus, Guerra Junqueiro e Amália Rodrigues.
João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, feito 1.º visconde de Almeida Garrett pelo rei D. Pedro V, atuou decisivamente em vários domínios, nomeadamente na política, sempre do lado dos liberais.
Participou na Revolução Liberal de 1820, o que lhe valeu o exílio em Inglaterra, em 1823, com a subida ao trono de D. Miguel.
Natural do Porto, Almeida Garrett, depois do exílio em Inglaterra e França, regressou a Portugal em 1826, numa altura em que já tinha publicado os poemas “Camões” e “Dona Branca”.
Dedicou-se ao jornalismo e fundou revistas e jornais. Em 1832 juntou-se às tropas liberais de D. Pedro, futuro D. Pedro IV, e participou no desembarque na praia do Mindelo, nos arredores de Vila Conde, em 1832.
Foi diplomata em várias missões, algumas ao lado do 1.º duque de Palmela, e esteve ligado à criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspeção-Geral dos Teatros, do atual Teatro Nacional D. Maria II e da criação do Panteão Nacional.
Das suas obras, destacam-se, entre outras, “O Retrato de Vénus”, “Folhas Caídas” e a peça “Frei Luís de Sousa”.
A exposição “Almeida Garrett- Viagem e Património” está patente até ao próximo dia 19 de abril, no Panteão Nacional, em Lisboa.