Mais de um quarto dos jovens portugueses, entre o 6.º e o 10.º ano, dorme menos de oito horas por noite e a maioria refere que sente dificuldade em acordar de manhã, segundo um estudo de âmbito nacional.
Realizado este ano para a Organização Mundial da Saúde, o estudo sobre os comportamentos dos jovens em idade escolar partiu de inquéritos a mais de 6.000 alunos, do 6.º, 8.º e 10.º anos, de uma amostra de escolas de várias regiões de Portugal.
Ainda estão em maioria os adolescentes e jovens que dizem dormir oito ou mais horas por noite durante a semana, mas são quase 30% os que referem ter noites de sono com menos de oito horas.
À medida que a escolaridade avança as horas de sono diminuem, já que são os jovens mais velhos (do 10.º ano) que mais frequentemente indicam dormir menos de oito horas por noite.
Mais de um terço dos jovens diz que todos os dias sente dificuldades em acordar de manhã, enquanto 14% refere ter sono durante as aulas diariamente.
Sobre outros hábitos ligados à saúde, o estudo mostrou que a maioria dos adolescentes toma o pequeno-almoço todos os dias, mas há 16% que referem que não é habitual tomarem esta primeira refeição, um dado que preocupa a coordenadora desta análise, Margarida Gaspar de Matos.
Quanto ao desporto, metade dos adolescentes indicam que praticam atividade física três ou mais vezes por semana, mas apenas 15% refere fazê-lo todos os dias.
Em relação aos comportamentos sexuais, mais de 87% dos adolescentes inquiridos dizem que ainda não tiveram relações sexuais, sendo os rapazes quem mais frequentemente admite já ter iniciado a vida sexual.
Analisando apenas os jovens do 10.º ano, 22% dizem que já tiveram relações sexuais. Ainda neste universo, 76% indicam que iniciaram a atividade sexual depois dos 14 anos, mas há sete por cento que afirmam ter começado aos 11 anos ou antes.
De acordo com a coordenadora do estudo, o número de adolescentes que já teve relações sexuais dentro das idades consideradas tem vindo a diminuir desde 2006.
Contudo, regista-se este ano uma diminuição do uso do preservativo e um aumento das relações sexuais associadas ao consumo de álcool.
O preço dos preservativos, não terem pensado no assunto ou não trazer um consigo foram os principais motivos apontados pelos que indicaram não recorrer ao preservativo (mais de 21%).
“É preocupantes a associação do não uso ao elevado preço dos preservativos, nomeadamente em tempos de recessão económica”, refere a análise feita pelos autores.
Margarida Gaspar de Matos salientou ainda, em declarações à agência “Lusa”, que considera também preocupante que nem todos os adolescentes que já tiveram relações sexuais o tenham feito na altura que quiseram e decidiram, o que aconteceu só com 45% dos inquiridos.
“Nesta altura esperaríamos que a quase totalidade nos indicasse que teve relações sexuais pela primeira vez quando queria”, referiu a investigadora, admitindo que alguns jovens se sintam condicionados pelo parceiro.
“Esta situação remete para a necessidade de a educação sexual sair do âmbito da prevenção do risco sexual e passar a abordar a sexualidade em termos de competências pessoais, de relações interpessoais, de equidade de género e de direitos humanos”.