“Francisco de Buenos Aires” é o novo trabalho do documentalista argentino Miguel Rodríguez Arias (vencedor do prémio Rei de Espanha em 1997) que o Odisseia estreia em exclusivo em Portugal dia 1 de janeiro, às 18h00, e que analisa a vida de Jorge Bergoglio, refletindo ainda a “revolução” que o primeiro papa sul-americano está a levar a cabo no interior da igreja.
Para o desenvolvimento deste projeto, que teve por base uma investigação de cerca de nove meses, o realizador contou com um arquivo audiovisual de quase 50.000 horas que inclui, entre outras coisas, imagens de todas as homilías televisivas de Bergoglio na catedral metropolitana de Buenos Aires e discursos em distintas atividades nas ruas.
Com imagens inéditas, testemunhos de especialistas e declarações dos seus mais próximos colaboradores e familiares, o Odisseia exibe ao longo de 90 minutos a biografia do Papa Francisco e entra em pormenor nas medidas e transformações que já se introduziram durante o seu papado.
O documentário conta ainda com o testemunho de María Elena Bergoglio, a única dos quatro irmãos do papa ainda com vida, o escultor argentino Fernando Pugliese, criador do parque temático religioso “Terra Santa” que recria as ruas de Jerusalém e para o qual pediu aconselhamento ao atual bispo de Roma, e muitos outros rabinos amigos de Jorge Bergoglio, já que uma das características do atual pontífice é o “diálogo inter-religioso”.
Com a Igreja mergulhada numa grave crise de identidade, com escândalos sexuais, o caso Vatileaks, conflitos internos e inclusive a renúncia de um papa, o conclave do ano de 2013 apresentava-se como uma excelente oportunidade para inverter a situação.
No dia 13 de março, o segundo dia do conclave e a quinta volta de votações, os cardeais depositaram a sua confiança no cardeal Jorge Mario Bergoglio, que se tornou o primeiro papa jesuíta da história e o primeiro oriundo da América.
Ao eleger o nome de Francisco, fê-lo plenamente consciente do seu significado porque com isso também marcava as diretrizes do seu papado: austeridade, uma aproximação incondicional aos mais desfavorecidos e um discurso no qual os atos se sobrepõem às palavras.
Para Rodríguez Arias, realizador de “Las patas de la mentira” e “O Nuremberg argentino”, a autoridade de Francisco explica-se justamente porque lidera pelo exemplo, lembrando que as suas deslocações em Buenos Aires eram de autocarro ou metro, que se vestia de forma muito simples e tinha um estilo de vida “que um padre deve ter e não o luxo que têm muitos bispos e cardeais”.