Portugal é o segundo país da União Europeia onde as doenças do aparelho respiratório mais matam, a seguir ao Reino Unido, e o que tem a mais alta taxa de mortalidade por pneumonia, revela um relatório que será hoje apresentado.
De acordo com o documento “Portugal – Doenças Respiratórias em Números 2014”, do Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, da Direção Geral da Saúde, em 2012, estas patologias foram responsáveis por 102,1 mortes por cada 100 mil habitantes.
Apenas o Reino Unido se posiciona à frente de Portugal neste “ranking”, com 104,9 mortos por 100 mil habitantes.
Em 2013, dados ainda provisórios indicam que estas doenças causaram 12.605 mortos, o que representou 11,83 por cento de todas as causas de morte. No ano anterior (2012), as doenças respiratórias tinham provocado 13.893 óbitos.
Em Portugal, as mortes causadas por estas doenças têm vindo a crescer nos últimos anos: 98,2 óbitos por 100 mil habitantes em 2008 para 102,1 mortes por cada 100 mil habitantes em 2012.
As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores apresentaram, em 2012, os valores mais elevados e a região de Lisboa os mais baixos.
“A Região Autónoma da Madeira é a que apresenta taxas mais elevadas, tendo a mortalidade por doenças respiratórias correspondido a 18,5% da totalidade dos óbitos, contrastando com a percentagem nacional de 12,9%”, lê-se no documento.
Nas mortes causadas por pneumonia, Portugal está à frente dos países da União Europeia (UE), com 49,9 óbitos por 100 mil habitantes em 2012 (44 em 2008).
Os autores do documento reconhecem que “Portugal encontra-se numa situação desfavorável quanto à mortalidade por doenças respiratórias, quando comparado com outros países da UE.
A explicação avançada pelos autores é a “elevada mortalidade por pneumonia em Portugal (49,9 mortos por 100 mil habitantes), a mais elevada no conjunto dos países europeus analisados”.
“A mortalidade por doença respiratória, e por pneumonia em particular, tem a particularidade de afetar as faixas etárias a partir dos 65 anos”, lê-se na síntese do relatório.
Entre 2009 e 2012 observou-se “um aumento da mortalidade na população com 65 e mais anos e um decréscimo da mortalidade abaixo dos 65 anos”. “A mortalidade por doença respiratória não corresponde, portanto, a mortalidade prematura, dado que se constatam ganhos em saúde evidenciados por uma diminuição dos anos potenciais de vida perdidos e respetiva taxa por 100 mil habitantes”, explicam os autores.
O documento refere que “a ocorrência de doença respiratória está relacionada com a faixa etária, mas também com as condições atmosféricas e com a virulência do vírus da gripe (razões pelas quais a doença apresenta um padrão sazonal)”.
Em 2012, aliás, registou-se “um aumento dos óbitos e internamentos hospitalares atribuíveis à epidemia e virulência do vírus influenza A(H3), associada a uma baixa cobertura vacinal”.
Os autores do relatório, que será hoje apresentado em Lisboa, referem que, “devido ao aumento da esperança média de vida e aos efeitos do tabagismo a nível respiratório, Portugal tem vindo a confrontar-se nos últimos anos com um incremento de doenças respiratórias crónicas, que impõem uma elevada carga no sistema de saúde, quer no que diz respeito a mortalidade, quer no que se refere à morbilidade”.
As doenças respiratórias, excluindo o cancro do pulmão, são a terceira principal causa de morte em Portugal e no mundo e a primeira causa de letalidade intra-hospitalar nacional.
Estas patologias são ainda a terceira mais importante causa de custos diretos relacionados com os internamentos hospitalares, a seguir aos das doenças cardiovasculares e do sistema nervoso.
No ano passado, os internamentos por doença respiratória corresponderam a 11% da totalidade dos doentes internados.
O documento aponta para uma diminuição do número de utentes saídos de internamento por doenças respiratórias: 117.110 em 2012 e 110.028 em 2013 (menos seis por cento).
No ano passado, da globalidade dos internamentos de causa respiratória (com exclusão das neoplasias respiratórias e dos internamentos por síndrome de apneia do sono), 65,3% corresponderam a internamentos por pneumonias (bacterianas ou virais), 13,5% por Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), 5,7% por fibrose pulmonar e 4,3% por asma brônquica.