O Cine Clube de Viseu esta terça-feira, dia 6, um ciclo dedicado a cinematografias pouco difundidas em Portugal, assinalando simbolicamente o arranque do ano em que comemora o 60.º aniversário.
Estas cinematografias são premiadas e reconhecidas como sendo importantes para o cinema, da Índia ao Canadá, mas, por vicissitudes do mercado português, não têm presença regular nas salas”, disse à agência “Lusa” Rodrigo Francisco, do Cine Clube de Viseu.
Com este ciclo, é sublinhado “o papel preponderante” que os cineclubes portugueses têm tido ao facilitar o acesso do público a estes filmes.
“Este ciclo celebra a importância do cineclubismo como lógica alternativa, mas não dispensável, de programação em Portugal”, sublinhou.
Segundo Rodrigo Francisco, o Cine Clube de Viseu pretendeu também com este ciclo demonstrar o papel do cinema na aproximação “a universos que de outra forma continuariam distantes”.
“O cinema tem essa capacidade única de podermos estar a ver um filme de um país muito longínquo, mas começarmos a entrar nele como se de uma cultura próxima se tratasse”, considerou.
Intitulado “Aqui na terra”, o ciclo de cinema integra reposições e filmes recentemente estreados em Portugal.
Rodrigo Francisco destacou “Cavalo Dinheiro”, o último filme de Pedro Costa, que será apresentado em Viseu no dia 13 de janeiro, “e que, para alguns, é um dos filmes mais importantes do final de 2014”.
O trabalho do realizador canadiano Xavier Dolan ‘Mommy’, igualmente de 2014, é outro dos destaques, a exibir a 20 de janeiro.
“É o último filme do jovem realizador do Canadá, que aos 25 anos já teve cinco filmes presentes no Festival de Cannes”, explicou.
O ciclo “Aqui na terra” termina a 10 de fevereiro, com a cinematografia do Brasil, depois de ter passado também por a de Singapura, da Ucrânia e da Índia.
“Cabra marcado para morrer”, do documentarista Eduardo Coutinho (assassinado em fevereiro de 2014), é considerado um dos grandes filmes brasileiros de todos os tempos.
Nos anos 1960, “o filme foi proibido pela censura e, graças à persistência do realizador, voltou a ser filmado já depois da queda do regime da ditadura”, contou Rodrigo Francisco, explicando que o Cine Clube de Viseu quis homenagear o documentarista no primeiro aniversário da sua morte.