O Ministério Público de Paris abriu esta segunda-feira, dia 12, uma investigação por possível apologia ao terrorismo sobre o polémico humorista francês Dieudonné por supostamente demonstrar solidariedade com um dos autores dos atentados jihadistas em França.
Muitas vezes criticado pelas suas declarações e brincadeiras anti-semitas, Dieudonné publicou na sua página no Facebook que se sentia “Charlie Coulibaly”. Os nomes fazem referência a “Charlie Hebdo”, o jornal satírico atacado a 7 de janeiro por supostos radicais islâmicos, e a Amedy Coulibaly, autor do sequestro num mercado judaico que causou quatro mortos e o assassínio de uma agente da polícia.
Coulibaly foi morto na última sexta-feira pelas forças especiais francesas no ataque ao mercado de Paris. Na sua página no Facebook, Dieudonné falou na noite de domingo sobre a importância “histórica” da manifestação realizada em Paris, à qual ele mesmo compareceu, e depois disse que se sentia “Charlie Coulibaly” numa mensagem que depois apagou.
O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, classificou a mensagem como “indigna” e disse que as autoridades reservam-se o direito de agir contra o humorista.
Dieudonné M’bala M’bala já foi alvo de várias investigações em França por incitação ao ódio racial e injúria pública, especialmente contra os judeus. Entre outras, foi investigado por suposta apologia ao terrorismo por causa de um vídeo em que comparava a decapitação do jornalista americano James Foley, causada pelo grupo radical Estado Islâmico (EI), com as mortes de Muammar Kadafi e Saddam Hussein.
“A decapitação simboliza o progresso, o acesso à civilização”, afirmou Dieudonné no vídeo, que popularizou o polémico gesto da “quenelle”, considerado anti-semita.