Muitos pais resistem a que sejam prestados cuidados paliativos pediátricos aos filhos por considerarem que estão a desistir de lutar pela vida, mas especialistas asseguram que estes tratamentos nem sempre significam cuidados de fim de vida.
“O que sentimos é que nem sempre é fácil para um pai ou para uma mãe encarar a possibilidade do seu filho entrar numa fase de cuidados paliativos”, contou à agência “Lusa” a diretora da Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.
Para muitos pais, esta decisão significa que desistiram de “lutar pelo seu filho ou pela sua filha”, o que “é tremendo”, acrescentou Margarida Cruz.
Por isso a responsável considera que é urgente que pais, profissionais de saúde, hospitais e o Estado debatam esta questão para que seja dado “um enquadramento melhor às crianças e jovens que precisam deste tipo de apoio”.
Para o coordenador nacional do Programa das Doenças Oncológicas, Nuno Miranda, esta questão emocional dos pais é “um problema muito complicado”: “É muito difícil para os pais aceitar de alguma maneira uma desistência de medidas curativas para assumir outras prioridades”.
De acordo com os dados da Direcção-Geral de Saúde, nos últimos cincos anos, foram contabilizados cerca de 3.000 casos de cancro pediátrico por ano, sendo os mais frequentes a leucemia, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas.