Um grupo de investigadores norte-americanos conseguiu demonstrar que uma nova substância, testada em macacos, é uma proteção eficaz contra o vírus da Sida, avança a “Lusa”.
O estudo,publicado na revista científica “Nature”, oferece a perspetiva do possível desenvolvimento de um tratamento de efeito prolongado contra o vírus da imunodeficiência humana (VIH).
“Desenvolvemos um inibidor muito potente e de amplo espectro” que agiu sobre o VIH-1, a principal estirpe do vírus da SIDA presente no mundo, explicou Michael Farzan, o responsável pela investigação. O especialista diz que a substância designada eCD4-Ig oferece uma “proteção muito, muito forte” contra o VIH.
Este avanço científico é fruto de uma investigação de vários anos conduzida principalmente pelo The Scripps Research Institute, um centro de investigação sem fins lucrativos com sede na Florida, Estados Unidos. O trabalho foi financiado pelo instituto público norte-americano de investigação sobre doenças infecto-contagiosas (NIAID).
A experiência realizada com macacos rhesus mostrou que esta substância, injectada uma única vez, foi capaz de proteger os animais da do vírus durante um período de, pelo menos, oito meses. Para assegurar o efeito prolongado, a eCD4-Ig foi associada a um vírus adeno-associado (AAV), mas que tem a capacidade de se introduzir nas células e de provocar o fabrico da proteína protectora, de forma a criar um efeito anti-sida de longa duração.
Depois de tratados com esta combinação, os macacos receberam doses cada vez mais fortes do vírus da SIDA (SHIV-AD8). Nenhum dos animais desenvolveu a infecção, contrariamente aos macacos que não tinham sido tratados com eCD4-Ig.
Desde 1981, cerca de 78 milhões de pessoas foram infetadas com o vírus da imunodeficiência humana, que destrói as células do sistema imunológico e deixa o corpo exposto a doenças como a tuberculose e pneumonia. Segundo as Nações Unidas, o vírus terá feito já 39 milhões de mortes.