Belíssima Amelinha, em qualquer Lugar!
Quem no Porto não conhece os talentos da Amelinha? Desde o antigo restaurante do Redondo, ao mais recente Redondo da Ramalda Alta, a Amelinha, tem arrebanhado clientela devota, sempre curvada à mão que ela tem – cheia e segura na feitura da boa cozinha regional portuense.
Hoje a Amelinha já não está na Ramalda Alta!
Mas pouco importa, porque o que faz mesmo falta é a própria Amelinha que não fugiu de nós. Apenas se mudou para o Campo Alegre ali num gaveto airoso quase em frente à antiguinha Confeitaria Duvália.
Por isso, terá ficado a perder a Ramada Alta mas não o Porto nem quem visita o nosso burgo que continua a poder contar, orgulhosamente, com o talento medonho de uma grande cozinheira de Portugal.
Falamos da Amelinha porque é para além de tudo, uma grande marca das casas que ela própria vai criando. Mas com ela está um equipe treinada, diligente e competente que merece também referência e vénia respeitosa.
Para além do local, dividido em duas salas generosas, com muito boa amesendação, nada mudou de grande significância da cozinha da Amelinha.
Lá estão os mesmo rissóis quentinhos de camarão, o mesmo pão e boroa amornada, os mesmos croquetes e bolos de bacalhau que nos sorriem à entrada num irresistível apelo a um primeiro ataque às iguarias de D. Amélia.
O peixe tem representações diversas e todas elas recomendadas, como as petingas e pescadinhas, acompanhadas de excelentes arrozes caldosos, ou o bacalhau que nos aparece, no forno , na brasa, à Narcisa, à Brás e à Espanhola.
O Polvo, belíssimo no forno ou à lagareiro e, quando a sorte nos bate à porta, um choquinhos servidos com batata cozida que são de babar.
Nas carnes a vitela assada e as tripas são pratos que nunca deve desprezar, mas os verdadeiros ícones da casa são o rabo de boi estufado e a posta arouquesa.
O rabo de boi é uma das excelências da cozinha ibérica e é pena que exista em tão poucos restaurantes. Aqui é servido com batata cozida. Eu confesso que prefiro que aqueles sucos gordos que se soltam da carne que vai à “estufa” no maior vagar, se deixe acompanhar de um arrozinho branco, carolino, e, porque não, de umas cenourinhas estufadas. Mas para ser assim tem que negociar com a Amelinha o que nem sempre é tarefa fácil.
O outro petisco é, a posta Arouquesa, que bem feita…Devoramos o prato fora dos cânones com um maravilhoso arroz de ervilhas de quebrar. E digo, fora dos cânones porque habitualmente se acolita de batata a murro e grelos salteados em azeite e alho.
O vinho da casa de um produtor do Douro é saboroso na versão branca e tinta e, por isso, se a bolsa estiver apertada não precisa de recorrer à carta de vinhos que é ampla e generosa.
O Pudim, o leite creme, a tarte de amêndoa, são apenas algumas das propostas honestíssimas de uma doçaria que está de acordo com os pergaminhos da casa.
Enorme esta Amelinha de tantos talentos, que onde quer que esteja arrasta os seus devotos para uma cozinha honesta, diria exemplar, na interpretação do que é o grande receituário portuense.
Restaurante Cozinha da Amélia
Rua do Campo Alegre, 747
Porto
Tlm: 939 434 243
Fotos: José Gageiro