Cultura

Eletricista de Picasso foi condenado por ocultar 271 obras do pintor

Pierre Le Guennec, o último eletricista de Pablo Picasso, e a mulher deste, Danielle, foram condenados na sexta-feira, dia 20, por um tribunal francês a dois anos de prisão, com pena suspensa, por ocultação de obras roubadas.

Além disso o Tribunal de Grasse, no sudeste da França, decidiu que o casal deve devolver os 271 trabalhos de Picasso aos herdeiros do artista, e que estavam na sua posse.

Porém, o destino final das obras depende de um eventual recurso da decisão, o que suspenderá a devolução, bem como das conclusões técnicas do processo cível em curso, disse à Agência Efe um dos advogados dos herdeiros, Jean-Jacques Neuer.

No entanto, o advogado de defesa de Pierre e Danielle Le Guennec, Charles-Etienne Gudin, não confirmou à agência noticiosa espanhola se o vai fazer, dado os seus clientes já serem “pessoas idosas”.

Para ditar a sentença, o tribunal não precisou de esclarecer como, quando e quem roubou as criações do pintor espanhol, todas datadas de entre 1900 e 1930, algumas raras e valiosas, avaliadas pelos meios de comunicação franceses em mais de 60 milhões de euros.

Perante os testemunhos ouvidos numa audiência realizada a 12 de fevereiro, os juízes concluíram que o eletricista e a mulher haviam beneficiado de bens roubados, conhecendo a sua origem ilícita. O facto de terem ou não sido os Le Guennec os autores do roubo era, neste caso, secundário, dado esse crime já ter prescrito, ao contrário da receção das obras, que levou à condenação.

O casal afirmou sempre que, em 1971 ou 1972, Jacqueline Picasso deu a Pierre, da parte do seu marido, uma caixa com desenhos, esboços, litografias e colagens, que guardaram na garagem por não lhes ver grande valor.

Contudo, em 2010, quando iam organizar a herança, os Le Guennec pediram à Administração Picasso, que supervisiona o espólio do artista, que autenticasse a coleção, sendo então alvo da acusação pelos herdeiros do pintor, falecido em 1973 em França.

Amigos e parentes de Picasso e Jacqueline consideram pouco provável que o pintor e a mulher dessem tantas obras, muitas delas ligadas a momentos-chave da carreira do artista e a outros eventos importantes da sua vida, sobretudo sem assinatura ou dedicatória.