Em 1982 Inês Pereira abriu o seu primeiro salão de cabeleireiro e na altura nunca pensou que o seu nome se tornasse uma marca. “Era na rua Sá da Bandeira, no centro do Porto, ficava num segundo andar de um prédio. Estive lá durante 12 anos e depois mudei-me para a rua Firmeza, que ainda é a nossa casa-mãe, onde temos toda a logística da empresa”, revelou à Move Notícias, durante uma conversa que teve lugar no mais recente espaço da marca, situado numa das zonas nobres da Invicta, a Avenida da Boavista.
Atualmente há oito espaços Inês Pereira, sem contar com os dois salões que são geridos em sistema de franchising. “O meu sonho foi sempre crescer na profissão, mas nunca pensei chegar aqui. Passei por algumas situações difíceis e se a Inês Pereira é o que é hoje, é graças a muito trabalho e alguns sacrifícios”, referiu. Apesar de se ter tornado uma empresária, esse nunca foi o seu objectivo, no iniciou da carreira apenas existia o amor à profissão. “Desde miúda que adorava pentear as minhas bonecas e quando fui crescendo ia gostando cada vez mais, fazia os penteados às minhas amigas, à minha mãe. Comecei a trabalhar muito cedo, tirei o meu primeiro curso aos 16 anos, na altura paguei sete contos e quinhentos escudos… Já era muito dinheiro naquele tempo. O que queria era afirmar-me naquela que era a minha paixão, e que é o que eu ainda gosto de fazer”, revelou.
Nestes 30 anos a profissão sofreu muitas mudanças: “Em 82 era muito difícil ir buscar tendências lá fora, os produtos eram limitados. Hoje em dia as coisas são muito mais fáceis, há mais conhecimento sobre tudo e há também mais informação. Mas, por isso, é mais difícil estar à frente. Com a concorrência que existe é importantes ter sempre um truque na manga”. No entanto, defende que o mais importante é ser “bom profissional e criativo” para marcar a diferença.
Um pequeno império de 120 colaboradores
Inês Pereira emprega cerca de 120 colaboradores e diz que o profissionalismo é a grande aposta da empresa. “Tenho sorte, porque comigo trabalham pessoas que se identificam com a minha forma de trabalhar e lutam pelo nosso crescimento”, sublinhou. Apesar de a marca ter crescido, ainda continua a fazer o que mais gosta: “Houve alturas em que era mais difícil poder continuar a exercer a minha profissão. Mas os meus filhos agora trabalham comigo. Por isso, consigo fazer aquilo que mais gosto que é tratar dos cabelos das minhas clientes”.
Recentemente, a empresária concretizou um sonho antigo e abriu a Academia Inês Pereira, onde dá cursos de cabeleireiros. “Além disso, temos um espaço que serve de training center, onde os custos dos serviços são mais baixos, porque ali trabalham os alunos que já estão em fase de terminar o curso”, contou, visivelmente orgulhosa.
Todos os salões Inês Pereira estão situados no Grande Porto, mas a empresária já recebeu convites para abrir espaços em outras cidades, nomeadamente Lisboa: “Não aceitei, porque a gestão de recursos humanos é difícil. Aqui consigo controlar o que se passa, mas à distância é mais complicado”.
Gerir o negócio com a ajuda dos filhos
Na gestão dos cabeleireiros, Inês conta com a ajuda preciosa dos filhos: “O meu filho, Ricardo, trabalha no Banco Central Europeu, na Alemanha, mas está de licença sem vencimento para me dar uma ajuda na parte da área financeira, uma vez que crescemos muito rápido. A minha filha Inês ajuda-me na gestão dos espaços e na parte de Marketing, que é a área dela”.
Inês, a filha, viu o “pequeno império” da mãe crescer e não esconde que gosta de trabalhar com a progenitora. “É muito bom trabalhar no que é nosso, ela confia muito em mim e na minha visão”, referiu a jovem, que também é formada em consultadoria de imagem. “É muito bom trabalhar com o público, é um desafio diário”, confessou.
Apesar do tratamento dos cabelos serem a especialização de Inês Pereira, os espaços também primam por atendimento de excelência na área da estética. “Neste espaço da Avenida da Boavista queremos proporcionar uma experiência diferente ao cliente. Fomos buscar ideia do que se faz lá fora. Este espaço é diferente de todos os outros. Aqui há todo um circuito que o cliente percorre, de forma a haver um envolvimento com o cliente, para que ele saia daqui mais satisfeito”, explicou Inês.
A crise não assustou a empresária, que diz que se soube “adaptar aos tempos mais difíceis” e não foi obstáculo ao sucesso que a marca alcançou.
Fotos: José Gageiro