Há menos de um ano nos comandos do FC Porto, o espanhol já conquistou as objetivas dos fotojornalistas que, em cada jogo, entre uma ou outra jogada, captam diferentes expressões faciais do técnico portista.
Nascido a 28 de agosto de 1966 em Asteasu, Espanha, Julen Lopetegui Argote é um homem que gosta de comunicar e, mesmo sentado no banco, não se deixa de manifestar de forma expansiva e própria de quem vive o jogo como o próprio respirar.
Foi assim no domingo à noite, 1 de março, na goleada do FC Porto ante o Sporting, no estádio do Dragão, quando, mesmo a ganhar, gesticulava e bufava em cada passe perdido pelos seus pupilos. Também é assim nos treinos, nos quais não permite falhas, nem grandes complicações quando a bola toca os pés.
Pragmático e sem papas na língua, Lopetegui não escapa às críticas, até porque é difícil agradar a todos, mas já são mais os que o elogiam e agradecem ter devolvido a mística ao plantel azul e branco que se mantém na luta pela título nacional, segue vitorioso na Liga dos Campeões e está nas meias-finais da Taça da Liga.
Conta quem com ele lida que “é um homem de fácil trato, exigente, mas amigo dos seus jogadores”, não tivesse ele também passado pelo mesmo papel na posição de guarda-redes. Numa entrevista ao jornal “El País”, Julen Lopetegui explicou que “o jogador não é uma Playstation. Tem de sentir-se livre. Tomar decisões não é um direito, é uma exigência”, defendendo que não devem perecer a criatividade entre passes estudados.
Casado, o “mister” tem três filhos, mas só os dois mais velhos é que se mudaram para a Invicta quando o pai assinou contrato por três temporadas, sendo comum partilharem nas redes sociais fotografias ao lado dos jogadores portistas. Jon, o mais velho, estuda em Madrid e não esconde o orgulho no progenitor indo variadas vezes ao baú de imagens para recordar feitos na carreira deste. Dani, o do meio, joga agora futebol no Padroense e, assim como a irmã mais nova, frequenta o Colégio Luso Internacional do Porto (CLIP).
Longe fica a outra família de quem, mesmo separado por causa do trabalho, Lopetegui nunca se desligou das raízes nem do País Basco. Filho de um famoso lançador de pedras, conhecido como Aguerre II, Julen foi desviado do arriscado desporto, mas não escapou dos assadores do restaurante típico que lhe pertencia, dominando bem a arte de cozinhar a carne.
Sem espetos ou brasas, mas senhor da “Cadeira de Sonho”, é com a tática que tem conquistado fãs no Porto, fazendo voltar a acreditar em momentos de glória e as ensejadas festas nos Aliados, nem que para isso tenha que gritar muito e gesticular ainda mais, fazendo as delícias dos repórteres que lhe roubam a melhor expressão.
Fotos: José Gageiro