A toxina botulínica tipo A pode ser a solução para aqueles que sofrem de enxaquecas com episódios repetidos mais de 15 dias por mês, por três meses seguidos ou mais e que não respondem ao tratamento convencional.
Com o nome comercial de Botox, o produto é utilizado em injeções intramusculares superficiais ao redor da cabeça, nos lobos frontais, parietais, temporais e occipitais. As aplicações repetem-se a cada 4 ou 6 meses e requer o acompanhamento médico para eventual combinação com medicamento profilático.
“A função da toxina é bloquear a capacidade que a célula tem para contrair e levar a informação da dor para o cérebro, proporcionando o seu controlo e melhoria do sintoma. Com o alívio da sensação de pressão e aperto na cabeça, há uma significativa mudança na qualidade de vida do paciente devido à redução na frequência e intensidade da dor”, explicou Mauro Eduardo Jurno, coordenador do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
Sintomas como dor de cabeça unilateral associada à intolerância à luz ou a barulho, com duração superior a quatro horas e frequência variável são características marcantes desse tipo de cefaleia, que são mais frequente em mulheres. As crises de cefaleia podem começar em torno dos 20 anos de idade, com episódios isolados, até alcançar uma alta ocorrência de dor na maioria dos dias.
Segundo o neurologista, está em curso uma série de estudos com inibidores periféricos, como o CGRP, que age no sistema nervoso no reconhecimento e transmissão da dor, noutra classe de medicamentos. Com estas pesquisas, será possível ampliar o arsenal terapêutico e facilitar o acesso dos pacientes que sofrem com a enxaqueca crónica.
“Vale a pena lembrar que normalmente não há efeitos colaterais adversos com as aplicações da toxina, desde que aplicada por profissionais habilitados e experientes”, garantiu o especialista.