100% de Empreendedorismo
Era uma vez…, uma casa que andou a saltar de mão em mão. Bem posta, no sítio certo, ali onde o mercado da Foz também tenta ser um mercado do futuro.
Poucos metros à frente, na sinuosa Rua Corte Real, dois irmãos de formações diferentes tentavam ajudar Miguel Feijó (que agora brilha para os lados de Nevogilde) a fazer o saudoso “Corte Real”, onde hoje mora, diga-se, um dos quatro portentos de Vasco Mourão – O PortaRossa.
Mas a história de hoje é destes dois irmãos. Já no Corte Real davam nas vistas. Eles enchiam o restaurante na cozinha e na sala. E não foi certamente por eles que o restaurante não vingou no sonho empreendedor de Miguel Feijó.
Quando os dois irmãos Miguel Andrade e Filipe Cortês saíram do Corte Real, abateu-se sobre a restauração o injusto agravamento do IVA. A margem para a restauração, que tanto efeito tem sobre as economias locais e o emprego, ficou curta.
Tão curta como a visão política de quem decidiu o iníquo agravamento. Mas a verdade é que o IVA subiu mesmo e, com ele, o medo de uma retracção no ímpeto restaurativo dos consumidores, já instigado pelas maldades que a crise ia fazendo à carteira de cada um.
Mas isso não diminuiu a energia de Miguel e de Filipe que quiseram fazer daquela adversidade uma oportunidade. Fazer uma melhor omeleta com menos ovos. Melhores refeições com menos custos. Percebendo bem a tendência “low cost” e construindo um espaço informal, divertido, bem feito, a 100%.
Assim nasceu o 13%. Com uma cozinha rigorosa e caseira hoje liderada pelo jovem Chef Arnaldo Sousa. Percebendo que quase tudo se joga no almoço da semana e se diferencia no jantar do fim-de-semana.
Os menus executivos a 8,5 euros foram um achado. Inclui “couvert”, um prato de peixe ou de carne, sobremesa (gastando mais 1,5 euros) e um copo de vinho – tudo, mais o desfrute de um espaço acolhedor, onde a esplanada foi melhorada e a decoração, que sai a jorros das mãos criadoras de Filipe, é esmerada e elegante.
Filipe Cortez está desde Fevereiro a trabalhar numa residência artística dos Estados Unidos. O Miguel aguenta o “barco” com galhardia e o 13 continua a 100%.
Vamos aos pratos que mais chamam o cliente. Nos almoços executivos, os arrozes caldosos com filetes, ou petingas, o carré de enxidos ou a bochecha de porco, o polvo grelhado, o bacalhau, os rojões. Enfim, uma cozinha com um timbre caseiro e regional, mas com uma apresentação jovem e elegante. Pode ainda provar um rolinho de alheira em massa filó com um salpico de agridoce, ou uns carpaccios magníficos de várias proveniências.
No jantar, ou no fim-de-semana o “empratado” é substituído pela travessa e o glamour aparece, com o esmero das luzes e do serviço – Aposta-se na interacção com o cliente – o peixe vem a grelhar à vista e outras finalizações permitem esta experiência de nos envolvermos no que vamos comer. O cabrito continua a ser a estrela da casa e o rosbife, servido nos seus cânones, à inglesa tem também muitos prosélitos e devotos seguidores. Garrafeira sem especulações desnecessárias.
Na sobremesa experimente o bolo de mousse de chocolate ou o crumble de maça com bola de gelado.
Parabéns ao Miguel e ao Filipe por este cada vez melhor restaurante 13 que não dá azar, pelo contrário e se afirma de dia para dia como um espaço 100% empreendedor, que valoriza a cidade e a sua enorme gastronomia.
Restaurante Treze %
Rua da Cerca, 440
4150-201 Porto
Tlf.: 226 189 074
Fotos: José Gageiro