O Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados confirmou esta terça-feira, dia 21, que 800 imigrantes morreram no naufrágio de uma traineira, ocorrido no domingo, no mar Mediterrâneo, depois de falar com os sobreviventes do desastre.
“Podemos dizer que 800 pessoas morreram”, declarou Carlotta Sami, porta-voz do ACNUR em Itália, a partir da Sicília. “Confrontamos os testemunhos, havia pouco mais de 800 pessoas a bordo, incluindo crianças com idades entre 10 e 12 anos”, acrescentou.
A traineira, que zarpou da Líbia no domingo com destino a Itália, transportava imigrantes oriundos da Síria, Eritreia, Somália, Mali, Gâmbia, Senegal e Bangladesh. Os sobreviventes foram levados para centros de acolhimento da região.
De acordo com os relatos de sobreviventes, recolhidos pelo ACNUR e pela OIM, a traineira voltou-se depois de um navio de português se ter aproximado respondendo a uma chamada de socorro, causando uma debandada.
Dois detidos por suspeita de tráfego de seres humanos
A polícia italiana anunciou, entretanto, que dois dos 28 sobreviventes (um tunisino e um sírio), alegadamente o capitão e um membro da tripulação do barco, foram detidos, por suspeita de pertencerem a um grupo de tráfico de seres humanos que terá organizado a trágica viagem.
A União Europeia decidiu realizar uma cimeira extraordinária na próxima quinta-feira para responder ao drama dos imigrantes no Mediterrâneo, após uma série de naufrágios que fizeram mais de 1.600 mortos ou desaparecidos desde o início do ano, de acordo com dados da ONU.
638 imigrantes resgatados
Entretanto, na segunda-feira, dia 20, mais 638 imigrantes foram resgatados em alto-mar após seis operações de socorro diferentes, informou a Guarda Costeira da Itália em comunicado.
Os imigrantes viajavam a bordo de seis barcos em águas da costa da Líbia e receberam assistência do navio “Fiorillo” da guarda-costeira, de uma embarcação mercante e da Marinha italiana. As primeiras 93 pessoas resgatadas, entre elas 12 mulheres e duas crianças, foram levadas na noite passada à ilha de Lampedusa, no sul do país.
Atualmente, a Guarda Costeira presta socorro a um pesqueiro lotado de imigrantes a 80 milhas ao sul da Calábria, para onde também se dirigem dois navios mercantes.
Primeiro-ministro australiano defende introdução de medidas
O primeiro-ministro australiano, cujo governo introduziu duras medidas para travar a chegada de imigrantes, defendeu que a União Europeia (UE) deveria seguir o exemplo, considerando essa política a única forma de se acabar com as mortes no mar.
“Centenas, talvez milhares de pessoas, afogam-se quando tentam chegar à Europa a partir de África. O único meio de impedir estas tragédias é, de facto, parar (a chegada dos) barcos”, afirmou Tony Abbott.
A Austrália não regista, há quase 18 meses, a chegada de barcos de requerentes de asilo nem mortes no mar, embora defensores dos direitos humanos acusem a Austrália de violar as suas obrigações internacionais.
Antes, a chegada de barcos acontecia a um ritmo quase diário, havendo registo de centenas de mortes ocorridas durante a travessia.
“É por isso é que urgente que os países da Europa adoptem políticas muito firmes que possam colocar um ponto final ao tráfico de seres humanos no Mediterrâneo”, realçou Abbott.