A biblioteca da Academia Nacional de Belas-Artes vai mostrar ao público, a partir de 2016, cerca de 30 mil livros que percorrem seis séculos, além de desenhos, pinturas, esculturas e fotografias que compõem o seu espólio.
A Academia é sucessora das extintas Academia Real de Belas Artes e Academia Portuguesa de Belas Artes, e tem como missão a promoção e desenvolvimento de trabalhos de investigação e estudos na área da historiografia da arte portuguesa.
A biblioteca está dividida em duas partes que totalizam cerca de 30 mil volumes: a parte histórica, que vai do século XVI ao século XIX, e a parte moderna, que vai do século XX ao século XXI.
Foi em 1836, ano da fundação da academia, instalada no Convento de São Francisco, em Lisboa, que foi constituída a biblioteca, com bens dos conventos extintos, ai depositados durante décadas, e depois dispersos por várias instituições, nomeadamente o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado.
Ainda existe um setor com espólios desses conventos, acrescidos de doações e aquisições de outras coleções, desde fotografia, desenho, pintura e escultura. “Esteve encerrada durante os últimos 20 anos por falta de condições para funcionar. A biblioteca histórica já está recuperada, e autorizam-se consultas a mestrandos e doutorandos, enquanto a biblioteca moderna aguarda uma definição dos espaços, eventualmente uma ampliação”, explicou a presidente, Natália Correia Guedes à “Lusa”.
Em janeiro de 2016, a ANBA celebra 180 anos e conta realizar “uma exposição com algumas centenas de obras em pintura e escultura dos melhores artistas do final do século XIX e XX”, desde Carlos Reis, Dórdio Gomes, Sousa Pinto, Guilherme Santa-Rita, e na escultura Francisco Franco, Lagoa Henriques e Simões de Almeida.
“É um espólio significativo que o público ainda não conhece e vai ser exposto pela primeira vez”, reunindo peças de artistas que entraram na Academia e ofereceram uma obra que fique para memória do seu trabalho.
Do acervo constam autores portugueses e estrangeiros que foram uma referência para o ensino artístico europeu, nomeadamente Vitrúvio, Alberti, Vignola, Palladio, Winckelmann e Vasari.
A biblioteca possui ainda fundos documentais provenientes da Irmandade de São Lucas, dos escultores Machado de Castro e Cirilo Volkmar Machado, e espólios doados por académicos, como os arquitetos Jorge Segurado, Fernando Batalha e José Cortez.
Há livros raros do século XVI que os funcionários tratam e identificam com luvas brancas, à meia-luz, para não os danificar.
Natália Correia Guedes revelou que têm surgido alguns apoios, nomeadamente da Fundação Calouste Gulbenkian, que irá patrocinar a informatização do acervo das bibliotecas.