Cuca Roseta está a viver uma das fases mais felizes da sua vida. A fadista, que casou recentemente João Lapa, acabou de lançar o seu terceiro álbum, “Riû”, um disco “positivo e alegre” e ao mesmo tempo “ nostálgico, romântico, intimista, uma viagem de cores e sabores. Um Fado intenso e apaixonante, que não é triste”, como descreveu à Move Notícias.
Este trabalho permitiu a Cuca Roseta, de 32 anos, trabalhar com vários artistas, nomeadamente com nomes sonantes da música brasileira como Djavan, Nelson Motta ou Ivan Lins. “Foi o destino que as trouxe como presente e eu sem palavras ainda para agradecer o cruzamento com estas pessoas fantásticas, que deixaram tanto de si no meu disco e na minha vida”, contou, acrescentado que o seu tema preferido é “Verdes São Os Campos”.
A nova voz do fado, como é considerada por muitos, fez a sua primeira digressão por terras de Vera Cruz, onde cantou e encantou. “Foi uma tour de 6 concertos em cidades diferentes, com pessoas tão diferentes, salas cheias e público magnífico a receber o Fado de uma forma muito emocionante. Foi fantástico! Nunca vou esquecer. O Brasil tem-me recebido de uma forma fantástica”, referiu, visivelmente entusiasmada e esperando poder regressar em breve.
Descobriu o Fado aos 18 anos
É uma das fadistas de maior sucesso. Porém, descobriu o fado quase que por acaso, aos 18 anos. “Fui ao clube de Fado com um grupo de amigos e fiquei encantada com aquela coisa de alguém se levantar ao nosso lado e cantar. E o lado intenso, nostálgico e romântico do Fado apaixonou-me. Achei que tinha encontrado a minha cara-metade”, revelou. Depois disso nunca mais se separou desta paixão, deixando para trás o sonho de ser psicóloga: “Foi difícil deixar, mas o Fado era a minha pele e quando percebi isso, dediquei-me por inteiro. Eu nasci para cantar o Fado pelo mundo, toda eu só faço sentido dessa forma. E hoje sei que me encontrei no Fado e que não posso fazer mais nada senão isso. Foi o talento que Deus me deu e que devo pôr em prática como instrumento que sou, para fazer chegar aos outros a alegria e a emoção. É uma dádiva”.
A cantora e compositora não poderia estar mais feliz com a sua escolha, pois considera que tem feito um percurso “extraordinário” e acredita ser “uma menina de sorte”.
Tem como uma das fontes de inspiração Amália Rodrigues, diz que o fado atual está “adaptado à realidade de hoje, mantendo as suas raízes que o tornam tão especial mas trazendo novas letras e novas músicas, com as quais os jovens se identificam mais e mantendo o seu trio, a sua nostalgia e melancolia, a sua intensidade e paixão inerente a qualquer artista de sangue português que goste de declamar poesia a cantar, que se queira despojar de tudo o que é superficial e contar uma história íntima e emocional”.
Atenta à nova geração de fadistas, Cuca Roseta segue o trabalho de outros colegas: “Sigo e admiro, todos eles muito. Somos tantos e tão diferentes. É magnífico para o Fado e para Portugal estar a nascer uma geração assim tão rica, cada um no seu estilo próprio, não se atropelando uns aos outros, é fantástico. Do António Zambujo à Ana Moura, o Marco Rodrigues, a Gisela João, a Carminho e a Carolina, e os grandes de sempre como o Camané e a Mariza, é fantástico. Todos tão únicos e todos tão especiais, unidos pelo Fado e por Portugal. É uma honra fazer parte desta geração de embaixadores de Portugal no mundo”.
Momentos únicos com o público
A vida de artista nem sempre é fácil e, por vezes, a parte mais complicada é andar na estrada. “É muito difícil, os horários para dormir e ter refeições não são fixos, pouco conhecemos dos lugares por onde passamos, apenas aeroportos, hotéis impessoais e teatros. Aparentemente pode parecer aliciante, mas ao fim de dez anos queremos estar em casa, poder ir a um jantar normal de amigos, a um aniversário ou poder viajar sem stress e com tempo para estar em Paris e ir ver a Torre Eiffel. Mas tem este lado de trabalhar com a música e de ter momentos únicos e emocionantes com o público, que nos marcam para sempre”, confessou.
Mãe de um menino, Lopo, de cinco anos, Cuca Roseta diz que não tem tido dificuldades em conciliar a maternidade com a vida artística: “Tem corrido muito bem e, por incrível que possa parecer, sou uma mãe mais presente que as mães que trabalham das 9h00 as 19h00. Não fico longe do meu filho mais do que 5 dias, quando estou em casa sou a primeira a ir buscá-lo à escola e tenho muito mais tempo de qualidade para estar com ele do que outras mães, para além de ser uma criança que já conhece o mundo, muito aberta e que vive rodeada de música. Então, ao contrário do que se pensa, esta vida de artista dá-nos mais tempo para estar com os nossos filhos”.
Presença em programas de televisão
Recentemente participou no “Dança com as Estrelas”, da TVI, uma “experiência magnífica”, que assegura nunca esquecer: “ Trouxe-me muito artisticamente, mas também psicologicamente e espiritualmente”. No entanto, foi com “Rising Star”, do mesmo canal, onde fez parte do júri, que Cuca Roseta sentiu que se tornou mais conhecida junto dos portugueses. “Penso que o público de agora já era o mesmo. As pessoas gostam de conhecer o outro lado dos artistas e nesse sentido o programa aproximou-me mais das pessoas. É bom participarmos em algo que não sabemos fazer, porque nos ajuda a crescer noutras áreas e mostra também outro lado nosso, mais humano. Dessa forma, este programa aproximou-me do meu público de uma forma muito positiva”, referiu.
Quando não está no palco ou no estúdio, a fadista gosta de se dedicar aos seus hobbies preferidos, “praticar taekwondo, yoga, tocar piano, pintar, fazer trilhas”, que a ajudam a descomprimir e relaxar da azáfama dos espetáculos.
A agenda de verão está preenchida com concertos e já na sexta-feira, dia 3 de Julho, vai estar nas Caldas da Rainha.
Fotos: Hugo Monteiro