O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) analisou a saúde dos portugueses após a intervenção da troika e concluiu que faltam enfermeiros, os médicos estão mal distribuídos e que o valor das taxas moderadoras afasta os utentes.
De acordo com o Relatório de Primavera 2015 do OPSS, que será apresentado esta terça-feira, dia 16, em Lisboa, “persiste um rácio de médicos por habitante adequado, mas inadequadamente distribuído pelo território com clara vantagem para as regiões urbanas”.
Baseando-se nos dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Observatório indica que houve uma diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013, ao mesmo tempo que se verificou um incremento de 13,02% no número de médicos em internato.
“Embora existindo um número total de médicos adequado às necessidades da população, os mesmos se concentram predominantemente nas áreas urbanas comprometendo assim o acesso das populações de áreas rurais”, lê-se no documento.
Em relação aos enfermeiros, o OPSS considera que o número destes profissionais “está claramente abaixo da média da OCDE, em 2014, e tem vindo a decrescer, principalmente no Serviço Nacional de Saúde SNS). O rácio enfermeiro/médico é dos mais desequilibrados dos países OCDE”.
Sobre o acesso aos serviços de urgência, o OPSS revela que, “a par com uma redução da procura, verificada ao longo dos últimos anos, que coincide temporalmente com a alteração das taxas moderadoras, existem fenómenos sazonais, associados às previsíveis vagas de calor e picos de gripe, com aparente excesso de procura e/ou incapacidade de resposta dos serviços”.
Verificou-se ainda uma diminuição constante do número de consultas nos Cuidados de Saúde Primários, desde 2008:. “O número de consultas médicas per capita e por ano é muito inferior à média da OCDE. Tal foi parcialmente compensado com um ligeiro aumento das consultas médicas domiciliares e com um expressivo aumento das consultas domiciliares de enfermagem”. Por outro lado, “o número de consultas médicas, nas consultas externas dos hospitais públicos, tem aumentado consistentemente”.