O líder da Igreja Católica anunciou a criação de um tribunal no Vaticano para julgar os bispos que forem acusados de ter protegido padres pedófilos. Desta forma, o Papa responde às reivindicações de longa data das associações de vítimas.
Os bispos, que são mais de cinco mil em todo o mundo, poderão ser julgados em caso de “falta ao seu dever profissional” em virtude do direito canónico, por esta “nova instância judiciária no interior da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF)”. A CDF, antigo Tribunal do Santo Ofício, tem por missão zelar pelo respeito do direito canónico em toda a Igreja Católica.
Francisco ordenou também a nomeação de novos funcionários, que podem ficar encarregues de processos penais em casos de abusos de menores ou de “adultos vulneráveis” por parte de membros do clero. Além disso, foi ainda estabelecido um período de cinco anos para testar a eficácia do novo tribunal.
Os escândalos de padres pedófilos, a maioria ocorridos nos anos 1960-70, contribuíram em muito para desacreditar a Igreja Católica. Milhares de menores foram agredidos sexualmente por religiosos, padres e religiosas. Dezenas de bispos recusaram-se a ouvir as queixas das vítimas, pedindo-lhes muitas vezes o seu silêncio, protegendo os padres acusados ou suspeitos, por vezes transferindo-os para novas paróquias, onde em muitos casos voltavam a repetir os abusos.